São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Os bilhões não vêm

JANIO DE FREITAS

Entre os possíveis atos para marcar o terceiro aniversário do Real, esteve em discussão uma solenidade, a ser protagonizada pelo ministro Pedro Malan e com os dirigentes do Banco Central como coadjuvantes, durante a qual seria dado ao Proer o merecido fim. Seria um gesto, para haver um nas celebrações, do agrado de todo mundo -o que já explicaria parte da resistência oposta à sugestão.
A outra parte veio da dedução de que o fim do Proer reacenderia a curiosidade jornalística por duas cifras: o montante do dinheiro empregado pelo Proer para salvar bancos e banqueiros e, afinal de contas, a quanto vai o prejuízo dos cofres públicos, aquele que Fernando Henrique Cardoso e o pessoal da Fazenda e Banco Central tanto repetiram ser impossível.
O dinheiro empregado, pelas últimas e não recentes estimativas, andava pelos R$ 20 bilhões. O prejuízo, criado pela antes negada impossibilidade de recuperar muito da "parte podre" dos bancos, absorvida pelo governo, estava estimado em R$ 5,5 bilhões.
Foi isso: a proposta de fim do Proer encontrou bilhões de obstáculos.
Incontinência
A advertência de que haveria reações, caso continuasse culpando o Congresso pelo atraso das "reformas", fez Fernando Henrique Cardoso adotar uma variante, já muito empregada ontem. Na campanha para indução de opiniões adversas ao Congresso, na qual já estão ativos os grandes empresários, as acusações de Fernando Henrique tornaram-se dirigidas à "minoria do Congresso".
Sendo a minoria, ou oposição, de no máximo 120 deputados, a maioria conta no mínimo com 393. Como a aprovação de cada "reforma" precisa de 308 votos, havendo então 85 excedentes na maioria, é evidente que a minoria oposta ao governo não pode impedir "reforma" alguma.
No Senado, mudam os algarismos, mas a aritmética leva à mesma consequência política.
Nada leva a necessidade de mentir a se conter, no entanto.
O problema
Quem puder dar uma contribuição, não deve negá-la aos aflitos que procuram um nome. Mas que ninguém venha com um nome qualquer. É preciso que o proposto possa ser apresentado pelo governo como "um técnico" e, sobretudo, que seja aceitável pelo governador Amazonino Mendes. Para ser superintendente da Suframa, a Zona Franca de Manaus.

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