São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Juíza manda PMs de Diadema a júri

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro, da 3ª Vara Criminal de Diadema (Grande São Paulo), pronunciou (mandou a julgamento) ontem nove policiais militares pela morte do conferente Mario José Josino, na favela Naval, no dia 7 de março.
Os nove piliciais militares também foram considerados pela juíza como responsáveis pela tentativa de homicídio contra o músico Sílvio Calixto Lemos, baleado em 3 de março, e por abuso de autoridade.
Com isso, os policiais irão a júri popular. A Folha apurou que o julgamento deve acontecer ainda este ano.
O soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, foi considerado pela juíza o autor dos disparos que mataram Josino.
Os cabos Ricardo Luís Buzeto e João Batista de Queirós e os soldados Maurício Gomes Louzada, Nélson Soares Silva Júnior, Demontier Carolino Figueiredo, Adriano Lime de Oliveira, Paulo Rogério Garcia Barreto e Rogério Néri Bonfim foram pronunciados como co-autores.
O terceiro-sargento Reginaldo José dos Santos foi inocentado pela juíza das acusações de homicídio e tentativa de homicídio, mas foi pronunciado por abuso de autoridade. Assim, ele também irá a júri popular.
A juíza acatou quase integralmente a denúncia do promotor José Carlos Guilhem Blat. O único ponto de discórdia foi quanto à formação de quadrilha ou bando armado, presente na denúncia, mas ausente da pronúncia.
"A juíza considerou que os policiais estavam juntos porque cumpriam ordens. Por isso, não os pronunciou por formação de quadrilha", afirmou Blat.
O promotor Blat e os advogados de defesa têm cinco dias úteis para recorrer da decisão da juíza.
Caso eles não recorram, o processo será enviado para o Tribunal de Justiça, onde ocorrerá o julgamento. Blat não decidiu se irá recorrer para tentar incluir a formação de quadrilha na pronúncia.
"A pronúncia foi uma conquista importante para o Ministério Público, pois a juíza reconheceu a fita de vídeo como prova e acatou quase todos os pontos da denúncia", afirmou.
O advogado Pedro Miguel, que defende os acusados Buzeto, Bonfim e Louzada, afirmou que pretende recorrer.
"Cada um deve pagar pelo que fez. Não tem cabimento mandar todos a júri popular." Os advogados dos outros acusados não haviam sido encontrados até as 19h30 de ontem.

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