São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Desempregado vive de "bicos" e pensa em voltar a estudar

DA REPORTAGEM LOCAL

Na quinta-feira passada, José Albani Correia engrossava a fila do seguro-desemprego na sede da DRT (Delegacia Regional do Trabalho), centro de São Paulo.
Era mais uma das cerca de 200 pessoas que, em média, passam pelo local todos os dias.
Aos 27 anos, quatro deles em São Paulo, Correia não consegue um trabalho regular há um ano e meio. O último emprego formal foi na construção civil, um dos setores que mais têm criado vagas na Grande São Paulo, mas com grande rotatividade de trabalhadores. Ganhava R$ 277 por mês.
Hoje, Correia vive de "bicos" em São Paulo. Ele e o primo José Alderi Menezes, também desempregado, são "sócios" nos trabalhos que arrumam.
Além do trabalho, os dois dividem o aluguel de um quarto no Grajaú, zona sul, pelo qual pagam R$ 150 por mês.
O trabalho é irregular. "A gente vive de pedreiro, e não é todo dia que aparece trabalho. Às vezes, passo mais de uma semana sem fazer nada", diz.
Pior
Correia não tem uma avaliação muito clara da influência do Plano Real sobre sua vida. Ele acha que as coisas estão melhores para o país, mas que ficaram piores para ele.
"A vida está ficando mais difícil. Tem dia que eu não tenho dinheiro nem para comer."
Caso seu processo seja aprovado na DRT, Correia deve receber cinco parcelas de R$ 164.
Natural de Acaraú, no Ceará, Correia estudou só até a quinta série e diz que o fato de ter pouca escolaridade tem atrapalhado suas tentativas de arrumar emprego.
"Até para trabalhar de ajudante de pedreiro isso influencia", afirma ele.
"Tenho vontade de voltar a estudar, mas não sei como nem quando vou poder."

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