São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PROVÃO 2

A realização do segundo provão universitário, no último fim-de-semana, foi já bem menos polêmica que a do primeiro. Os boicotes ao exame se reduziram. Houve mesmo alunos que exigiram na Justiça o direito de fazer a prova.
O provão, é bom lembrar, não é uma iniciativa isolada, mas faz parte de um sistema mais amplo de avaliação dos cursos universitários.
A primeira rodada de provas, em 96, surtiu alguns efeitos. Estudantes de escolas que se recusaram a fazer o exame no ano passado -baixando vergonhosamente o nível da avaliação de seu curso- acorreram em massa ao exame. Faculdades particulares dedicam-se a melhorar os seus currículos e quadros docentes, indicadores que, além do provão, estão incluídos no sistema de avaliação da graduação universitária.
No entanto, observa-se na prática que esse sistema tem falhas. Permite, como já ocorreu, por exemplo, que alguns cursos demitam docentes sem pós-graduação, sem contratar pessoal mais qualificado, apenas para obter melhor conceito, com evidentes prejuízos para o ensino.
Outro risco, maior, é que alguns cursos se especializem apenas em "passar" na avaliação, descuidando de sua principal função, que é a de formar profissionais, tornando-se uma espécie de vestibular, com os defeitos sabidos desse sistema.
De todo modo, o provão e as avaliações concomitantes já serviram para que estudantes e diretores de escolas superiores se empenhem mais ativamente em buscar qualidade, um tema que, se estava na agenda das discussões sobre ensino superior, não era objeto de medida prática visível. O sistema de avaliação -apesar de falhas que podem aos poucos ser sanadas- é um passo necessário para a melhoria da competência nacional.

Texto Anterior: O "BRASIL EM AÇÃO"
Próximo Texto: Esqueçam o que ele disse
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.