São Paulo, quarta-feira, 2 de julho de 1997
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Ex-RPM cai no brega

PAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é o caso de discutir o que o RPM representou para os anos 80, mas, desde sua extinção, o ex-líder, Paulo Ricardo, tem se aproximado mais e mais do brega.
Pode-se até argumentar que "O Amor Me Escolheu" tem roupagem mais caprichada.
Mas quem há de levar a sério um disco que se concentra em converter "Love of My Life", hino kitsch do Queen, em "Felicidade" ("Felicidade, agora/ você me deixou")? A cafonália é potenciada pela queda de PR à confusão de alhos e bugalhos. O romântico legítimo do Roberto Carlos safra 1968 (em "E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só", de Antonio Marcos) cai na mesma cova do não-romantismo de Fagner ("Depende") ou do pseudo-romantismo pseudochique de José Miguel Wisnik ("Você É a Canção").
Tudo é OK enquanto Paulo canta mansinho, como na jeca "Amor em Vão". Mas, quando dá aquela forçada de voz (querendo parecer que canta cheio de emoção), como em "Só Me Fez Bem" (de Tom e Vinicius), aí dói. Não significa que o CD de amor não tenha seus méritos. O principal é "Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais de Mim)".
O dueto da canção de Jorge Ben revela uma Fernanda Abreu insuspeitada. Paulo Ricardo é que vem jogar areia. Parece que não há solução mesmo.

Disco: O Amor Me Escolheu, de Paulo Ricardo
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 18, em média

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