São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997 |
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Governo recua e mantém chefe da Suframa
VIVALDO DE SOUZA; LUIZA DAMÉ; RENATA GIRALDI; IGOR GIELOW
O recuo foi provocado pela pressão dos tucanos que consideravam a demissão de Costa uma "capitulação" do presidente Fernando Henrique Cardoso ao PFL. O governador pefelista do Amazonas, Amazonino Mendes, liderava a pressão para retirar Mauro Costa da Suframa. Decidido a atender Amazonino, o Planalto argumentou que faria uma substituição técnica. Os tucanos contra-argumentaram que Mauro Costa tinha sido escolhido exatamente por ser um técnico. Sem argumentos que justificassem a demissão, o ministro Antônio Kandir (Planejamento) decidiu ontem manter Costa após consultar FHC e mostrar ao presidente um balanço técnico de sua gestão. Mas o caso não está definido. Primeiro, porque tucanos que acompanham o caso consideraram a nota oficial que manteve Costa deselegante e não descartam uma reação do superintendente. Segundo, porque o próprio Amazonino Mendes não considera o caso encerrado. "O governador ainda está avaliando", disse seu secretário de Comunicação, Ronaldo Tiradentes. A afirmação foi feita, porém, antes de o porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, dizer que "O presidente considera que este é um assunto do ministro do Planejamento". O secretário Tiradentes não foi localizado depois. Candidato Também pesou na decisão o fato de Costa ter informado ao ministro que não tem a intenção de ser candidato nas eleições do próximo ano. FHC teria dito a Kandir que queria um técnico no cargo. A saída de Costa era certa até que a Folha publicou reportagem sobre compra de votos pró-reeleição. Em conversas gravadas divulgadas pela Folha, Amazonino é apontado pelo ex-deputado Ronivon Santiago (AC) como um dos compradores de votos. Dois outros fatores pesaram na decisão anunciada do governo de manter Costa. Primeiro, as pressões de Amazonino diminuíram. Segundo, a notícia da saída de Mauro Costa foi criticada por tucanos como Arthur Virgílio, deputado pelo Amazonas e secretário-geral do PSDB. Nota No final da manhã de ontem, o Ministério do Planejamento divulgou uma nota que surpreendeu a bancada tucana do Amazonas. A nota diz que o ministro pediu autorização ao presidente para examinar a hipótese de manter Costa no cargo. Ao mesmo tempo, Kandir determina ao superintendente: "Menos conversa e mais trabalho". "Está difícil entender o comportamento do governo neste triste episódio", afirmou o senador Jefferson Péres (PSDB-AM). "Esse puxão de orelhas público tem como propósito forçá-lo a pedir exoneração?", questionou. Para Arthur Virgílio, a decisão do ministro foi acertada, mas a nota era "estapafúrdia". "O ministro é injusto quando recomenda menos conversa para quem fala pouco e mais trabalho para quem está trabalhando muito e moralizando a Suframa. Se o ministro acha que Mauro fala muito e trabalha pouco está equivocado em mantê-lo", afirmou. (VIVALDO DE SOUZA, LUIZA DAMÉ, RENATA GIRALDI e IGOR GIELOW) Texto Anterior: O fim da lua-de-mel do Real Próximo Texto: A briga pelo poder na Suframa Índice |
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