São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997 |
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Nota estraga operação e põe situação em suspenso
IGOR GIELOW
Políticos que acompanham o caso temem que Costa reaja à nota e peça demissão. Dois amigos de Costa, que pediram para não ser identificados, disseram à Folha que ele ficou magoado com o tom da nota. Economista com formação em colégios militares, Costa é considerado pelos colegas de trabalho uma pessoa contida e que quase nunca perde a paciência. Dá raras entrevistas. O fato de não falar e ser incitado a "conversar menos" na nota de Antonio Kandir teria, segundo os amigos, sido o ponto do texto que mais irritou Mauro Costa. Procurado pela Folha, o superintendente afirmou que não iria comentar o teor da nota. "É um total absurdo. A nota é de uma deselegância tremenda. Não creio que o ministro Kandir, a quem conheço, tenha redigido um negócio desses", disse o deputado Luiz Fernando (PSDB-AM). Um dos três deputados tucanos do Amazonas, Luiz Fernando havia ameaçado deixar o partido se Costa fosse demitido. Arthur Virgílio Neto, secretário-geral do PSDB e líder tucano do Amazonas, só quebrou ontem o silêncio sobre o caso. Para aplaudir a permanência de Costa e criticar a nota do governo. Inicialmente, ele havia feito duras críticas à substituição de Costa -uma vitória política do governador Amazonino Mendes (PFL-AM), que quer retomar o controle da Zona Franca. Mas uma operação política foi orquestrada pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações) e pelo senador José Serra (PSDB-SP), antecessor de Kandir no Planejamento que indicou Costa para a Suframa. O objetivo era o de arrefecer a crise dentro do PSDB -afinal, deputados do partido começaram a levantar dúvidas sobre a conduta de FHC em relação a Amazonino, implicado na suposta compra de votos pró-reeleição. Seria achada uma saída para Costa permanecer na Suframa e o silêncio de líderes como Virgílio seria essencial para a transação. Dentro da "operação abafa", Costa publicou ontem nos jornais de Manaus nota propondo apaziguamento com Amazonino. Diz o texto que suas desavenças com o governador são fruto de intrigas e que a Suframa está sempre disposta a conversar. Tudo parecia ter dado certo até a manhã de ontem, quando o secretário-executivo do Planejamento, Martus Tavares, ligou para Costa convidando-o a permanecer no cargo e ouviu um sim. Só que Amazonino não aceitaria a permanência de Costa, e o governo federal resolveu então "puxar as orelhas" do superintendente na nota oficial -o que o desautoriza frente ao governador. O problema é que justamente esse "puxão de orelhas" pôs o caso em suspenso de novo. Texto Anterior: A briga pelo poder na Suframa Próximo Texto: Flagrante de tragédia Índice |
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