São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Suárez abomina as divisões artísticas

M.Á VILLENA
DO "EL PAÍS"

O que o escritor e cineasta espanhol Gonzalo Suárez gosta mesmo é de contar histórias.
Foi o próprio autor que confessou isso, no último dia 19 de junho, em Madri, durante a apresentação de "A Literatura", um livro de relatos escritos ao longo de quase 40 anos. O volume é publicado pela editora espanhola Alfaguara.
No evento, Suárez esforçou-se para evitar "a divisão que existe nos ofícios da arte".
"Sobre mim, pesa o mal-entendido de que sou um diretor de cinema que escreve ou um escritor que realiza filmes. A literatura não é um capricho, mas a base de tudo o que faço."
Em seguida, o escritor-cineasta declara: "Não gosto de classificações nem de divisões para os trabalhos artísticos, porque o que me agrada realmente é expressar a verdade".
Ainda que seu nome esteja mais associado ao cinema e aos 20 filmes que rodou -entre eles, "Ditirambo", "La Parranda" e "Remando al Viento"-, Suárez (nascido em Oviedo, em 1934) escreve desde jovem, trabalhando com narrativas, jornalismo e teatro.
Com essa atitude aberta e plural, esse intelectual asturiano não compartilha os frequentes protestos dos escritores que acreditam que suas novelas foram traídas ao serem adaptadas para as telas.
"Qualquer escritor deve ser consciente de que, quando se vende uma obra, ela deixa de ser sua. Na verdade, deixa de ser sua desde o instante em que a publica", diz.
O editor Juan Cruz, diretor da Alfaguara, ressaltou que havia decidido intitular sua obra como "A Literatura" porque estava farto do fato de o etiquetarem apenas como cineasta. O autor proclamou, ainda, sua vontade de "seguir escrevendo e não renunciar a nada".
"O que me agrada atualmente é pintar", acrescentou, "ainda que não faça projetos, apenas deixo me levar pelos acontecimentos".
Gonzalo Suárez finaliza afirmando que a diferença entre os roteiros e a literatura escrita é que, no primeiro, "se descreve" e, no segundo, "se escreve".

Tradução Erika Sallum

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