São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997 |
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Guerra eletrônica
ELIANE CANTANHÊDE Brasília - Foi-se o tempo das campanhas quase românticas, dos símbolos singelos como a vassoura e dos candidatos que gostavam do "Peixe Vivo".Foi-se, até, o tempo da ditadura do marketing eleitoral, dos programas pirotécnicos de TV. Chegamos, senhores, à era da espionagem política. Watergate foi capaz de derrubar Richard Nixon da Casa Branca em 72. Agora, 25 anos depois, o grande escândalo político do século começa a parecer quase corriqueiro. A descoberta de que agências de detetives de Brasília estão espionando, além de parlamentares, pelo menos um ministro de tribunal, veio com uma suspeita: a de que há interesses políticos por trás de tudo isso. Numa linha paralela à da PF, a Polícia Civil do Distrito Federal recebeu, há cerca de cinco meses, um informe curioso: teriam entrado na capital da República dois sofisticados aparelhos de escuta telefônica, vindos de Miami. Segundo fontes ligadas à polícia, um dos rastreadores teria capacidade para grampear 200 celulares e o outro, apenas seis. Há indicações sobre quem introduziu os equipamentos no Brasil, e sobre quem os encomendou. Eles seriam da área política. A PF já vinha investigando 19 empresas ilegais que oferecem detetives particulares a rodo pelas páginas de classificados dos jornais da capital da República. Ali, tem de tudo um pouco: suspeitas de contrabando, de roubo, até de rede de prostituição. Pior: essas agências têm participação direta de policiais civis aposentados. Eles acabam tendo informações privilegiadas sobre cidadãos comuns ou poderosos. E mantêm ligações mais do que perigosas com os adversários políticos de seus alvos (vítimas?). É por essa, e por outras que ainda estão por vir, que a denúncia dos grampos apenas antecipa o clima das eleições gerais de 1998. Vai ser um salve-se quem puder. Texto Anterior: Baht já é demais Próximo Texto: Pais e filhos Índice |
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