São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Siderúrgicas minimizam alta dos preços

DO ENVIADO ESPECIAL A VOLTA REDONDA; REPORTAGEM LOCAL

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tentou refutar ontem a crítica de consumidores de aço que alegaram que a alta do preço do insumo encareceria produtos como carros, autopeças e eletrodomésticos.
José Carlos Martins, diretor-superintendente de aço da CSN, disse que, como o boi gordo, o aço é o novo vilão dos preços.
O boi gordo foi considerado, no Plano Cruzado, em 1986, o vilão da inflação, pois haveria um suposto boicote dos pecuaristas contra o congelamento de preços.
Martins disse ainda que os automóveis aumentaram 50% nesse período, enquanto o preço do aço cresceu 15%.
No cálculo do executivo, os aços planos representam 0,2% do custo de um automóvel. A tonelada do aço custa US$ 500 e um carro leva cerca de 500 quilos de aços planos, o que significa um aumento de R$ 250 de aço embutido. Como o aumento foi de 8%, o impacto no preço do carro seria de R$ 20.
Conta contestada
Segundo cálculo de fabricantes de automóveis, o aço plano representa entre 8% e 10% do custo de produção de um veículo.
Esse percentual inclui a matéria-prima utilizada em toda a cadeia produtiva -montadora e fornecedores de autopeças.
Se for considerado apenas o aço plano usado pela montadora, o percentual fica entre 4% e 6% do custo, dependendo do modelo.
As montadoras não gostam de revelar a participação de cada componente ou matéria-prima no custo final de produção dos seus veículos. Dizem que a informação é um segredo que não deve ser revelado para os concorrentes.
Mas um executivo ouvido pela Folha diz que o percentual de 0,20%, divulgado pela CSN, é irreal. "Isso seria impossível, mesmo que o veículo fosse feito de fibra de vidro."
Defasagem
O presidente do conselho de administração da CSN, Benjamin Steinbruch, disse que os preços ainda têm defasagem em relação aos preços internacionais.
Segundo Steinbruch, em alguns produtos, a defasagem chega a até 30% em relação ao mercado internacional.
Steinbruch disse não acreditar que o aumento do preço do aço, que começou a ser praticado em 1º de julho, possa levar a aumentos em outros setores.
Segundo a siderúrgica, o mercado é quem vai dizer se os preços de automóveis e eletrodomésticos poderão absorver reajustes.
Para Steinbruch, a CSN segue a própria regra da privatização, a de que o aço nacional deveria acompanhar o preço do aço internado.

Colaborou a Reportagem Local

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