São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Varejo atrai estrangeiros

DA REPORTAGEM LOCAL

A estabilidade da economia é o grande estímulo para os bancos estrangeiros interessados no segmento de varejo do sistema bancário nacional.
Instituições como o inglês HSBC, que comprou o Bamerindus, e o espanhol Santander, que comprou o Banco Geral do Comércio, vêm atrás do aumento de renda gerado pela queda da inflação, que torna os clientes pessoas físicas um nicho cada vez mais rentável do mercado nacional.
Para o consultor Rogério Brecha, sócio da consultoria Ernst & Young, o que atrai os estrangeiros é a forte demanda por crédito existente entre os brasileiros.
O cálculo que essas instituições fazem, quando decidem entrar no país, avalia o consultor, leva em conta a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), aliada à perspectiva de uma melhora na distribuição da renda.
"Segmentos como o de crédito direto, crédito imobiliário e para o financiamento de veículos atraem os estrangeiros porque dão alta rentabilidade", diz Brecha.
Mas, além dessas áreas, começam a virar produtos de massa itens que antes eram encontrados apenas por clientes com alta renda em bancos de investimento.
Um exemplo disso é a recente associação entre o Bradesco e banco de investimentos norte-americano Salomon Brothers, que juntos lançaram um fundo.
A vantagem dos bancos internacionais, nesses casos, é que eles trazem o know-how para atuar no setor, conseguindo aliar rentabilidade tanto para o investidor como para o cliente e segurança na administração das carteiras.
Brecha considera que os bancos que estão entrando no mercado brasileiro via associação ou aquisição de bancos nacionais devem levar cerca de dois anos para "digerir" as instituições brasileiras.
"O mais fácil é o ajuste operacional. Mais difícil é absorver a cultura de varejo do mercado brasileiro, entender como funciona o consumo financeiro no país."
Entre as estratégias que devem ganhar espaço entre os estrangeiros, destaca, está a criação do que ele chama de novos canais de acesso a possíveis clientes.
É o que está fazendo, por exemplo, o Citibank, que pretende ampliar sua presença no varejo, abrindo agências móveis em shoppings e aeroportos, por exemplo.
Roberto do Valle, presidente do Citi do Brasil, diz que a intenção é reduzir o custo da distribuição e, ao mesmo tempo, expor os clientes às novas tecnologias.
"A agência tradicional está morta. Por isso, é preciso descobrir meios mais leves e com mais tecnologia", diz Valle.

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