São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997 |
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Empresário morto era líder evangélico
MARIA REGINA ALMEIDA; FÁBIO SILVEIRA
Campos e sua mulher, Selma, e as filhas Melina, 8, e Amanda, 6, frequentavam a igreja desde 82. O empresário estava fazendo uma viagem de negócios -iria pegar em Congonhas um avião para o Rio, onde teria uma reunião com clientes. "O Fernando devia estar levando na valise apenas papéis e relatórios", afirmou Armando Barbalho, que trabalhava com Campos. Seguranças do condomínio Esplanada do Sol, onde a família mora, impediram o acesso da imprensa até a casa ontem. O Esplanada do Sol é um condomínio de alto padrão, localizado em uma área nobre da cidade. Segundo os seguranças, apenas familiares próximos estavam autorizados a entrar. O pastor João Arantes Costa, da Igreja Cristã Evangélica, foi quem informou a família de Campos sobre o acidente. Costa disse que Campos ia viajar com a família para Fortaleza (CE), em férias, na manhã de hoje. "Quando eu cheguei à casa da família, todos estavam arrumando as malas para a viagem." A família tinha planos de passar uma semana no Ceará. Segundo o pastor, eles não tiravam férias juntos havia um ano. O pastor disse que a reação da família ao ser informada da morte foi de espanto. "Dona Selma procurou acalmar as filhas dizendo que o Senhor não deixa ninguém órfão." Segundo ele, as filhas de Campos -Melina, 8, e Amanda, 6- fizeram perguntas sobre o pai. "Melina perguntou se o pai só estava machucado, mas eu disse que ele havia morrido. A menina menor me perguntou se o pai estava no céu, olhando para ela." O pastor e o engenheiro eram amigos pessoais. Costa teve um filho morto há cinco anos, em um acidente na rodovia dos Tamoios (São José-Caraguatatuba). Foi Campos quem identificou o corpo do adolescente, a pedido de Costa. O pastor definiu o empresário como uma pessoa "maravilhosa" e um membro "exemplar" da igreja. Segundo ele, a família está encarando o acidente como um acontecimento normal. "Para nós, evangélicos, quem determina os nossos passos é o Senhor." Costa disse que conhecia Campos havia mais de 18 anos e considerava o empresário um "irmão". A última vez em que o viu foi domingo, durante o culto. Carreira Campos era engenheiro eletrônico e trabalhou no CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e na Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em São José. Na Embraer, ele se destacou pelo trabalho no Departamento de Informática, com a implantação do sistema CAD-CAM -um software para desenvolvimento de aeronaves. Ele chegou a assumir o cargo de chefe da Divisão de Informática na Embraer, tendo trabalhado na empresa por nove anos, de 82 a 91. Campos deixou o cargo para fundar, com mais dois sócios, a Amix Sistemas Integrados, que atua como prestadora de serviços na área de informática. Ele era o diretor-executivo da Amix. Recentemente, o grupo fundou a NetVale -provedora de acesso à Internet. Os colegas definem Campos como um profissional competente e amável, sempre disposto a ajudar os outros. O engenheiro Paulo César Villaça disse que Campos era reconhecido pela sua inteligência e pelo seu profissionalismo. Villaça trabalhou com Campos no CTA e na Embraer. O engenheiro Jorge Ubirajara Costa, que também trabalhou com Campos na Embraer, afirmou que ele era um empresário de sucesso. Enterro O corpo do empresário foi liberado pelo Instituto Médico Legal às 20h de ontem e levado para São José em um helicóptero particular cedido pela TAM. O velório aconteceria na igreja Cristã Evangélica, e o enterro deve acontecer hoje, às 10h, no cemitério Horto São Dimas. Texto Anterior: Duas vítimas têm tímpanos rompidos Próximo Texto: IC fará exame residuográfico Índice |
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