São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emprego informal chega a 56% na AL

De cada dez novas vagas, duas são no setor formal

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 56% do total de empregos existentes nos centros urbanos da América Latina estão no setor informal, que não pára de crescer, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo Victor Tokman, diretor da OIT para a América Latina, há dois fatores que explicam o crescimento acelerado do número de trabalhadores no setor informal. O primeiro é a dificuldade de encontrar emprego nas economias de países em desenvolvimento, que não produzem vagas suficientes -o que Tokman chama de "lógica da sobrevivência".
Outra causa do aumento do setor informal são as mudanças tecnológicas nas empresas, que descentralizam sua atuação, terceirizando boa parte de seus funcionários para se concentrar apenas em suas atividades-fins.
"Infelizmente, o que predomina ainda é a lógica da sobrevivência. Isso significa que a maioria dos trabalhadores do setor informal vive em condições precárias. Ou seja: ganham mal, não têm carteira assinada nem direitos trabalhistas", diz Tokman.
Pesquisa feita pela OIT nas principais cidades latino-americanas no fim de 1995 constatou que entre 75% e 80% dos postos no setor informal são ocupados por pessoas de baixa renda.
Além dos mais pobres, o setor informal também termina abrigando os grupos mais vulneráveis -como mulheres e jovens- que têm maior dificuldade de conseguir emprego no setor formal.
Segundo a pesquisa da OIT, 52% das mulheres e 54% dos jovens que trabalham nas cidades latino-americanas estão no setor informal.
Para Tokman, o grande desafio dos governos dos países latino-americanos é fazer com que os trabalhadores do setor informal deixem de ser ilegais.
"Os governos devem adotar políticas para permitir que os informais passem para a legalidade", disse Tokman, durante a abertura do seminário "O Setor Informal Revisitado: Novas Evidências e Perspectivas de Políticas Públicas", em Brasília.
A saída, segundo ele, seria desburocratizar os processos administrativos para legalizar as empresas que não estão em situação regular e reduzir a carga tributária.
"Não adianta promover uma caça às bruxas e sair cobrando imposto das empresas que estão na ilegalidade. Elas vão pagar no primeiro mês, mas, como têm margem de lucro reduzida, não aguentam pagar todos os tributos e terminam falindo."

Texto Anterior: Indústria do couro reivindica isenção de IPI
Próximo Texto: Reativação econômica não absorve jovens
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.