São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Interpretação "cool" evoca Dick Farney

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Antonio Farinaci se aproxima do mercado com postura incomumente lúcida -rojões deviam ser soltos sempre que um músico vê algo aquém de um mar de rosas no marasmado pop brasileiro dos 90.
Acontece que "Volume 1" surge tímido como documento comprovador de tal lucidez. OK, ele interpreta como Dick Farney o fazia nos 50 e 60, e isso é modernidade a valer. Mas é também peça passadista -o repertório que não evita as obrigatoriedades de Tom, Noel, Caetano e Chico evidencia.
Ousadia só surge quando canta a marginalizada Angela RoRo ou quando brinca (bobamente) de ressuscitar Olivia Newton-John.
São indícios de um veio que Farinaci ainda está por explorar. Por enquanto, há a concretização do que parece ser uma das ambições do artista: tem-se aqui um intérprete de quilate, a ser notado.
Menos maneirista que um Carlos Fernando (que apodrece canções de tanto tentar enfeitá-las), Farinaci padece ainda de certo maneirismo "cool" -o que os cantores acabam adotando em contraponto ao exibicionismo das cantoras.
Deve haver solução alternativa a tais extremos, e Farinaci mostra-se, desde já, artista com potencial para descobri-la -aparato ideológico para tanto ele já possui. É esperar para ouvir.
(PAS)

Disco: Volume 1
Artista: Antonio Farinaci
Lançamento: Dabliú
Quanto: R$ 18, em média

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