São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Ator usa maconha como matéria-prima

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM SAN FRANCISCO

Assim como o personagem que o consagrou em "O Povo Contra Larry Flynt", o ator Woody Harrelson também está ligado a atividades ilegais no Kentucky.
No filme, trata-se de um alambique quando Flynt ainda era criança. Na vida real, Harrelson investe numa nova marca de produtos à base de maconha plantada por uma cooperativa no Kentucky.
A primeira loja da sociedade entre Woody Harrelson e seu advogado Dave Frankel abriu as portas há duas semanas em San Francisco.
Instalada numa casa de madeira na badalada 24th Street, em Noe Valley, a Frankel Brothers Hemp Outfitters vende camisetas, mochilas, bonés e chaveiros. "Tudo é feito à base de uma maconha que nem é considerada droga, pois não tem princípio ativo", diz o ator.
"As plantas crescem num sistema estável e auto-sustentável e isso é o mais importante", diz Woody. "A cada dólar que gastamos com produtos orgânicos ou à base de maconha, estamos evitando que uma máquina destrua o planeta."
O ator inaugurou a loja liderando uma aula de ioga. Os 15 alunos que ganharam ingressos para o evento em sorteio numa rádio esperaram impacientes por Harrelson, que se atrasou 45 minutos.
A aula durou uma hora. Harrelson é instrutor certificado e pratica ioga para relaxar.
Harrelson e Frankel se conheceram durante a campanha pela legalização da maconha, na qual ambos continuam envolvidos. Frankel é atualmente advogado de Harrelson, que está sendo processado por plantar maconha no Kentucky no início deste ano.
A maioria das roupas vendidas na loja são feitas com tecidos importados do Canadá e China, já que o plantio de maconha continua ilegal para tais fins nos EUA.
"Eu não acho que ser famoso sirva apenas para conseguir entrar nos restaurantes sem fila", diz Harrelson. "Acredito nas causas que defendo".
Também é contra o consumo exagerado de laticínios e falou à Folha vestindo uma camiseta com uma vaca de cabeça para baixo estampada no peito e bebendo uma vitamina de frutas e leite de soja.
"Acho que todos nos reconhecemos olhando ao redor que o homem está fora de balanço com o meio ambiente", diz ele.
"Se algum objeto pode ser feito de maconha, não há motivo para fazê-lo de plástico ou qualquer outro material que destrói o meio ambiente e deixa resquícios na água ou no solo", diz Harrelson.
"Se pegassem o dinheiro usado para subsidiar a indústria madeireira, petroquímica ou nuclear e usassem em produtos à base de maconha, voltaríamos à vida pura da agricultura, que é onde todos começamos", diz ele, mostrando o chaveiro feito à base de maconha, em que guarda as chaves da nova loja.

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