São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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O FEF ou a vida!

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O presidente Fernando Henrique Cardoso está precisando rever, rapidamente, sua opção preferencial pelos ricos.
Respondam rápido: o sr. e a sra. pensariam em entregar a Suframa para o governador Amazonino Mendes? Ou dariam o DNER de Minas para o prefeito Newton Cardoso?
Depois de longos e tenebrosos meses, o presidente nomeou Iris Rezende para o Ministério da Justiça e Eliseu Padilha para o dos Transportes. Agora, chegou a vez da "verticalização".
Isso significa que os cargos de segundo, terceiro, quarto e até centésimo escalão das duas pastas estão sendo loteados pelo PMDB. Doa a quem doer.
O DNER mineiro é responsável por 35% a 40% da malha rodoviária federal. Uma mina de ouro e de pequenas obras com enorme apelo eleitoral.
Sai um técnico que tem apoio do governador Eduardo Azeredo e dos parlamentares tucanos; entra um outro que é mais do que afilhado político de Newton Cardoso.
Trata-se de Flávio Menicucci, filho do empreiteiro Roberto Menicucci, ex-secretário de Obras no governo Newton Cardoso e seu caixa de campanha. Trocando em miúdos, a raposa vai cuidar do galinheiro.
FHC, porém, não pecou apenas no conteúdo. Pecou também na forma.
Na sexta-feira, ele viajou ao interior de Minas e prometeu ao governador Azeredo e ao líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves, que não nomearia Menicucci. Na terça, a nomeação saiu no "Diário Oficial".
Vale destacar que a votação da reforma administrativa estava marcada para quarta (ontem) e a do FEF para hoje. Ou seja: o DNER virou moeda de troca para votos na Câmara.
O preço foi alto, mas a mercadoria não foi entregue. Dos 12 deputados do PMDB mineiro, 6 tiraram o corpo fora, ontem, da quebra da estabilidade. Inclusive o presidente do partido, Armando Costa, e o coordenador da bancada, Saraiva Felipe.
FHC jurou para Azeredo que não sabia de nada e que a troca no DNER foi coisa do Eliseu Padilha, do Luiz Carlos Santos e do Eduardo Jorge.
Está confirmado: Papai Noel existe.

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