São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 1997
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Marchand da comissão compra dois inéditos

ARMANDO ANTONORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O marchand Paulo Kuczynski, membro da comissão que cataloga os trabalhos de Volpi, comprou recentemente dois dos 14 quadros inéditos.
São paisagens que o pintor produziu no início da década de 40 e que provavelmente retratam o bairro paulistano do Jabaquara (veja acima).
O próprio Kuczynski as localizou durante o processo de catalogação. Estavam em uma casa do Rio de Janeiro. O antigo dono -um advogado- tem apenas mais uma tela de Volpi.
"As paisagens, raras, pertencem a um período muito significativo. Por isso, fiz questão de adquiri-las", explica o marchand, que não revela quanto pagou pelo par de quadros.
Ele defende que, nos anos 30, Volpi já se mostrava um bom pintor, com forte influência impressionista, mas ainda não desenvolvera uma linguagem própria.
"Foi na década de 40 que ganhou personalidade. Seus quadros perderam, por exemplo, o colorido à européia, caracterizado pela mistura de tons. E adotaram cores puras, que saíam do tubo de tinta diretamente para a tela."
O artista se aproximou, assim, da luminosidade brasileira -do azul, do amarelo e do vermelho "caipiras".
"As paisagens dos anos 40 antecipam o genial colorista em que Volpi iria se transformar mais tarde", diz Kuczynski.
O marchand conta que garimpa e compra obras do pintor desde 1970 -para, então, revendê-las. Não vê, portanto, "nenhum problema" em arrebanhar quadros que passaram pela catalogação. "É a minha profissão."
Kuczynski calcula que óleos e têmperas de Volpi custem, hoje, entre US$ 10 mil e US$ 140 mil, dependendo do tamanho e da fase.
Outros artistas brasileiros deste século valem bem mais. Em 1995, o colecionador e banqueiro argentino Eduardo Costantini arrematou o "Abaporu", de Tarsila do Amaral, por US$ 1,3 milhão.
Um ano depois, pagou US$ 590 mil pelo quadro "Mulheres com Frutas", de Di Cavalcanti.
(AA)

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