São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Empresários evitam o "casual Friday"

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário José Francisco Eustachio, 40, vice-presidente de negócios da Talent, tem 15 ternos, todos na cor azul-marinho, que usa para trabalhar de segunda a sexta-feira.
Convivendo lado a lado com gravatas engraçadas, ternos desestruturados e demais vestimentas características do mundo publicitário, ele quer distância do "casual Friday" -o hábito de usar roupas mais descontraídas no trabalho nas sextas-feiras.
"Além de estar sempre na moda, quem se veste de maneira clássica não corre o risco de parecer ridículo", diz o publicitário.
O banqueiro Cândido Bracher, 38, diretor do BBA Creditanstalt, é outro fã do terno e gravata durante toda a semana.
"Meu professor de educação física do colégio já dizia que o uniforme predispõe à atividade." No caso do banco, ele acredita que roupas formais são as melhores para empresas que trabalham com clientes externos.
"Não adoto o sistema", diz o advogado José Carlos Graça Wagner, 65, do escritório Graça Wagner. Segundo ele, roupas mais descontraídas não combinam com a idéia que um escritório de advocacia passa aos clientes.
Eustachio, Bracher e Graça Wagner não estão sozinhos nessa disputa entre o terno e a gravata contra a camiseta pólo e o sapato esportivo. Departamentos de recursos humanos de algumas empresas questionam a validade do "casual", moda que ganhou força no Brasil nos últimos três anos.
A filial brasileira da consultoria KPMG, por exemplo, chegou a estudar a implementação do programa, mas desistiu.
"Somos uma empresa de auditoria e serviços e não fica bem o funcionário ir de camiseta ao cliente", diz Maria Cristina Bonini, gerente de recursos humanos.
A EDS, da área de informática, suspendeu recentemente o programa no Brasil. A decisão partiu da matriz norte-americana para equacionar o seguinte problema: funcionários da EDS em outras empresas devem seguir a regra de vestimenta da companhia ou a do cliente?
Na mesma linha, a consultora Suzana Doblinski diz que o "casual pode causar mais constrangimentos do que ganhos no ambiente de trabalho".
Ela exemplifica com o recente encontro entre os presidentes de uma fundação e de uma empresa. "O presidente da empresa cumprimentou o vice-presidente da fundação, que estava mais bem vestido do que o presidente propriamente dito, que se vestia com roupa mais esportiva", conta.
Outro problema, diz Suzana, é que nos negócios a boa aparência é importante e influi no sucesso do negócio.

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