São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 1997
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SUS vai mudar forma de distribuir verba

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde pretende acabar com uma distorção na distribuição das verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) que faz com que os Estados mais ricos recebam mais verba do que os mais pobres. Para isso, vai desmontar dois pilares do sistema: o pagamento por produção e a tabela única de preços de serviços dos conveniados.
Essas duas práticas são apontadas como responsáveis pela distorção na distribuição das verbas, que chegam a R$ 8,8 bilhões para pagamento de internações hospitalares e serviços ambulatoriais. O valor mensal transferido é definido com base na quantidade e no tipo de serviços prestados. Como os Estados ricos têm maior número de leitos por habitante e hospitais com capacidade para realizar procedimentos caros e complexos, terminam ficando com a maior parte do dinheiro.
Já com os Estados pobres -sobretudo das regiões Norte e Nordeste- acontece o contrário: eles recebem menos verba por habitante, porque seus hospitais têm poucos leitos e não fazem exames nem cirurgias sofisticados.
Os novos critérios para distribuição dos recursos serão o tamanho da população e a capacidade contributiva dos Estados. Os municípios que conseguissem melhorar seus índices sociais (derrubando a mortalidade infantil ou reduzindo o número de cesarianas) também receberiam verba adicional.
O primeiro passo da reforma começa em novembro, quando será implantado o PAB (Piso de Atendimento Básico). Em vez de cobrar do governo federal pelos serviços prestados, cerca de 3.000 municípios passarão a receber R$ 12 anuais por habitante para fazer o atendimento básico: consultas médicas e odontológicas, vacinas e acompanhamento de gestantes.
Hoje, há 700 municípios (sobretudo do Sul e Sudeste) que gastam mais de R$ 12 per capita por ano com atendimento básico. Já no Norte e Nordeste há cidades que não chegam a gastar R$ 6. É o caso de Xapuri (AC), que gasta por ano com atendimento básico R$ 5,85.
Numa segunda etapa, a verba para o pagamento das internações hospitalares também será repassada aos Estados com base no número de habitantes.
Fim da tabela
Outra modificação importante é a extinção da tabela do SUS, que define o valor dos procedimentos médicos e laboratoriais executados pelos hospitais conveniados.
Com o fim do pagamento por produção, Estados e municípios terão liberdade para definir quanto pagar por procedimento. Haverá uma tabela de referência, mas que só servirá de indicação.
Assim, um Estado que quiser diminuir a porcentagem de cesarianas pode dar um aumento maior aos partos normais para incentivar esse tipo de procedimento.

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