São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Governo de AL chama Exército

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL) requisitou ontem tropas federais para garantir a segurança no Estado. Homens do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada de Maceió (AL) começaram a ocupar o centro cidade ontem à noite.
A crise na segurança pública alagoana agravou-se ontem com um atentado ao prédio do Tribunal de Justiça. Desde quarta passada, os 8.200 homens da Polícia Militar estão aquartelados. Na sexta passada, os 1.100 policiais civis entraram em greve, deixando os 2,7 milhões de alagoanos sem proteção.
Os PMs não recebem salários há seis meses, e os policiais civis, há sete. Eles prometem parar Maceió na manhã de hoje com uma grande passeata, que terá reforço dos servidores da Educação e Saúde.
Os homens do Exército cercariam também os prédios públicos, principalmente o Palácio dos Martírios, sede do governo alagoano. O Exército não informou quantos homens estariam disponíveis.
O governador decidiu convocar o Exército durante reunião com os presidentes do Tribunal de Justiça, Jairon Maia Fernandes, e da Assembléia Legislativa, João Neto (PSDB), segundo o secretário de Comunicação, Romero Belo.
A Polícia Federal está apurando o atentado ocorrido na madrugada de ontem contra o prédio do Tribunal de Justiça.
Três homens em um Gol branco lançaram duas bombas incendiárias (coquetéis Molotov) contra a porta do tribunal e disparam dois tiros de escopeta contra a janela da sala do presidente e desembargador Jairon Maia Fernandes.
Ninguém se feriu. Os três PMs que faziam a segurança do prédio disseram não poder identificar os autores do atentado, pois tudo teria acontecido muito rápido.
A principal suspeita da PF é a de que o atentado contra o prédio tenha sido cometido por servidores estaduais revoltados com o fato de os funcionários, juízes e desembargadores serem os únicos a estarem recebendo salários.
Por decisão do Supremo Tribunal Federal e para evitar uma intervenção federal no Estado, o governador está sendo forçado a repassar mensalmente a verba constitucional (duodécimo) a que o Poder Judiciário tem direito.
Hoje o governo de Alagoas tenta novamente um socorro financeiro para o Estado, que deve R$ 200 milhões a seus servidores e arrecada apenas R$ 50 milhões por mês.
O vice-governador Manoel Gomes de Barros (PTB) e o secretário de Fazenda, Roberto Longo, que foi nomeado pelo governo federal para mediar a intervenção à qual o Estado está submetido, se reúnem hoje com o Ministro da Fazenda, Pedro Malan.
A greve nas polícias provocou um fato inédito durante o final de semana em Alagoas: ninguém foi preso. A delegacia de Roubos e Furtos de Maceió, que prende, em média, 30 pessoas por final de semana, não atendeu a nenhum chamado e amanheceu ontem sem nenhum preso em suas celas.
O IML (Instituto Médico Legal) também não expediu nenhuma necropsia, o que impediu o enterro dos mortos que estão na geladeira do órgão. O IML também não está recolhendo corpo.
As delegacias estão com as portas e celas abertas. Mas ninguém trabalha. Policiais jogam cartas e dominó. A falta de policiais impediu a rodada do campeonato alagoano de futebol.

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