São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Verba para pesquisa aumenta, mas programas são criticados

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) anunciou alguns acréscimos nas verbas para pesquisa, e os cientistas brasileiros reclamaram da falta de regularidade na concessão dos financiamentos. Esses dois fatos são praticamente um ritual das reuniões da SBPC; mas, algo bem mais raro, houve vários diagnósticos positivos da situação do setor no país.
Essas interpretações foram feitas durante a discussão sobre o Pronex (Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência), quando o secretário-executivo do MCT, Lindolpho de Carvalho Dias, anunciou que a sua segunda etapa deverá repassar em torno de R$ 62 milhões para os grupos de pesquisa escolhidos, que deverão ser anunciados em outubro .
Lindolpho havia lido no dia anterior um discurso do ministro Israel Vargas -que não pôde comparecer à reunião por ter quebrado o pulso-, no qual ele mencionava também que o ministério está terminando a negociação de um empréstimo de US$ 120 milhões com o Eximbank japonês para a compra de equipamentos.
No discurso, o ministro afirmou que ainda este ano o país deverá atingir a meta de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) gasto com ciência e tecnologia, do qual 30% viriam de empresas. A promessa do presidente Fernando Henrique Cardoso é chegar a 1,5% do PIB no final de seu governo, em 1999.
No final do discurso do ministro, Lindolpho acrescentou que o ministério tem "caminhado de mãos dadas" com a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências para conseguir aumento de recursos para ciência e tecnologia. "De mãos dadas, mas não de rabo preso", disse depois à Folha o presidente da SBPC, Sérgio Henrique Ferreira.
O Pronex foi usado como exemplo da grande demanda de verba que existe entre os núcleos de pesquisa do país. Para o Pronex 1, iniciado em 1996, concorreram 451 projetos, com pedidos de verba equivalentes a R$ 958 milhões. Foram contemplados 77 projetos, com R$ 94 milhões.
As maiores reclamações sobre o programa foram quanto ao caráter concentrador de recursos na região Sudeste (dos 77, 30 estão em São Paulo, 25 no Rio, 7 em Minas). O Sul teve 13 projetos, o Nordeste apenas 2, e nenhum no Norte ou Centro-Oeste (apesar de pesquisadores dessas regiões estarem às vezes vinculados aos grupos premiados).

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