São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997 |
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SP pode distribuir seringas em agosto
LUCIA MARTINS
A intenção do programa é reduzir a transmissão da Aids em usuários de entorpecentes injetáveis -que hoje é considerada a principal causa de disseminação da doença no Estado. Justiça O único problema é evitar que o projeto seja barrado na Justiça, a exemplo do que aconteceu com programa semelhante feito pela Prefeitura de Santos (SP), em 95. Lá, o Ministério Público conseguiu mandado de apreensão de todo o material e a interrupção imediata da troca de seringas. A promotoria de Santos conseguiu a ação baseada no argumento que distribuir seringas é crime porque incentiva o uso de drogas. A secretaria discorda e o próprio secretário José da Silva Guedes está negociando com o Ministério Público estadual para tentar achar um "artifício jurídico" que evite ações posteriores. "Não descartamos nada. Pode ser desde um habeas corpus preventivo ou começar a implantação do programa apenas nos municípios onde o Ministério Público seja favorável à idéia", afirma Alexandre Grangeiro, assistente da direção do DST-Aids (órgão responsável pelas doenças sexualmente transmissíveis). Segundo ele, a troca de seringas é a melhor maneira de barrar a transmissão do vírus HIV -causador da Aids- entre drogados. "Já foi provado por vários países europeus que testaram a idéia que trocar seringas é a melhor maneira de reduzir a contaminação", diz Grangeiro. Estrutura A secretaria já conta com toda a infra-estrutura para colocar o programa em prática -incluindo unidades móveis adaptadas para a distribuição, pessoal e as seringas. Isso ocorre porque a troca de seringas faz parte de um grande projeto já em andamento para prevenir a doença. O Programa Redução de Danos inclui aconselhamento, campanhas de educação, distribuição de material informativo e até aulas de como limpar seringas. "O uso de drogas é a segunda principal causa entre os jovens homens infectados e ainda está causando um aumento nos casos em heterossexuais. Ou seja, direta ou indiretamente o uso de drogas é a principal causa de crescimento da doença", afirma Grangeiro. Desde 1980, o Estado de São Paulo já registrou 58.996 casos de Aids. Desses pacientes, 30% foram contaminados porque usavam drogas. Mas o grande problema para combater a contaminação nesse meio, segundo Grangeiro, é a dificuldade "de comunicação com os usuários". "Como eles estão fora da lei, é difícil atingi-los", diz. Texto Anterior: Proteína deverá auxiliar em tratamento contra 'vaca louca' Próximo Texto: Campanha de SP ficou abaixo do esperado Índice |
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