São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Em busca da imaginação perdida

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a cizânia paulista proposta por Eduardo Farah é, evidentemente, mais um lance político contra a gestão de Ricardo Teixeira na CBF.
Em princípio, movimentos autonomistas têm poucos resultados efetivos: reforçam o regionalismo -que, ao contrário, precisa ser controlado- e não solucionam a questão (o Brasileiro continuaria sem os paulistas).
Outro ponto que enfraquece o gesto de Eduardo Farah é o seu caráter extemporâneo: por que agora, que o Brasileiro, bem ou mal, já começou?
(Para alguns clubes, que não têm boas perspectivas neste Brasileiro, o movimento separatista poderia ser uma solução bastante conveniente, mas que levantaria suspeitas sobre a dignidade da causa.)
Além disso, com os contratos (que, aliás, dirigentes de futebol não respeitam) da televisão com o Clube dos 13, será possível Farah liderar uma retirada paulista em bloco?
Ou Farah está calçado em conversas prévias com os presidentes dos clubes paulistas, ou o seu blefe tem o objetivo marqueteiro de sempre: ganha repercussão na mídia com suas declarações e marca posição contra Ricardo Teixeira.
O Brasileiro de 97 é uma aberração do ponto de vista da moderna administração esportiva.
Em princípio, todo movimento que se levante contra esse casuístico regime de exceção do Campeonato Brasileiro tem legitimidade.
A ausência do torcedor na maioria absoluta dos jogos tem a força de uma indicação plebiscitária. O ideal seria que a CPI do futebol pudesse trabalhar com toda a autonomia possível para revolver as entranhas putrefatas da administração do futebol brasileiro -que é uma instância privada e pública ao mesmo tempo.
Ou que uma ação popular -motivada pelo logro imposto ao consumidor do futebol que acreditou nas regras do Brasileiro de 96 (houve quebra de contrato com o público), escolhidas e divulgadas amplamente pela CBF- pudesse encontrar uma solução, com todos os pressupostos jurídicos assegurados, para modificar o engodo do Brasileiro de 97.
*
Fábio Koff entrou para o cenário nacional com a reputação de dirigente de futebol com visão moderna, de homem que levou o Grêmio à condição de clube bem administrado.
Seja pela sua atuação na questão dos contratos com as televisões, seja pela lamentável atuação do Clube dos 13 na quebra de contrato público do Brasileiro de 97, Fábio Koff identifica-se cada vez mais com os vícios atávicos da categoria que representa.
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Em cerca de 20 times observados, nenhum Ademir da Guia, nenhum Rivelino, nenhum Zico, nenhum Rivaldo, nenhum Giovanni, nenhum Juninho se insinuou.
Só tem volante e finalizador por aí. Estamos perdendo a imaginação, meu Deus!

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