São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Maluf e Fleury pressionam senadores

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) e o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PTB) iniciaram ofensivas para retirar os seus nomes do relatório final da CPI dos Precatórios, que será apresentado oficialmente hoje.
O relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), acusa o ex-prefeito paulistano de "omissão" e "conivência" com irregularidades nas negociações de títulos públicos da prefeitura, feitas pelo então secretário das Finanças e atual prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB).
Fleury é citado como o "recordista" do aumento do valor dos precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) para justificar emissão de títulos públicos equivalente a R$ 1,7 bilhão.
Ex-correligionários
Ele esteve ontem no Congresso e se reuniu com antigos correligionários do PMDB, partido pelo qual foi eleito governador.
Esteve com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), e com os líderes do partido na Câmara e no Senado, Geddel Vieira Lima (BA) e Jader Barbalho (PA).
O ex-governador também procurou Requião e o presidente em exercício da CPI, senador Geraldo Melo (PSDB-RN). O presidente da comissão é o senador Bernardo Cabral (PFL-AM).
Fleury encontrou o relator da CPI no plenário do Senado. Requião pediu que o ex-governador enviasse documentos para contraditar as conclusões da CPI.
Fleury afirmou, no entanto, que não pretende entregar documentos à comissão, exceto em caso de nova investigação.
"O prejuízo moral já foi causado, sem que eu tivesse direito de defesa", reclamou.
Segundo Fleury, seu nome foi colocado no relatório de forma a beneficiar o atual governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB-SP), que teve as emissões de títulos de seu governo investigadas pela comissão.
Covas, porém, foi inocentado pelo relator da CPI.
PPB
O ex-prefeito Paulo Maluf articula nos bastidores desde que a CPI o convidou a prestar depoimento sobre emissões realizadas em sua gestão. Ele recusou o convite da CPI por duas vezes.
Depois das duas negativas, o pedido para que Maluf fosse convocado, e não apenas convidado a depor, foi rejeitado pelo plenário da CPI dos Precatórios.
O ex-prefeito, que nega qualquer irregularidade, teve o apoio de 7 dos 12 senadores da comissão e conseguiu evitar o depoimento.
O líder do PPB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA), é o porta-voz de Maluf nas negociações com os senadores da comissão.
Cafeteira afirmou que poderá destituir da CPI o senador Esperidião Amin (SC), que seria favorável ao relatório de Requião.
Amin é o presidente nacional do PPB e, segundo Cafeteira, terá que seguir a orientação da bancada do partido no Senado.
"Amin vai levar à CPI um voto que é do partido. Os senadores do PPB acham que a citação de Maluf no relatório é vendeta (vingança)", disse Cafeteira.
Votação
A votação do relatório preparado por Requião deverá acontecer na próxima semana.
Hoje, após a leitura do texto, será concedida vista para que os senadores tenham tempo de ler o documento com as conclusões das investigações.
"Esta comissão não se transformou em pizza. Abortou a ação de uma quadrilha no mercado financeiro e interrompeu a ciranda dos precatórios", disse Requião.
"Quem estiver contra este trabalho, que vote contra e apresente outro relatório."

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