São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Senador acusa irmão do governador de SC

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Senadores que integram a CPI dos Precatórios acusaram ontem Francisco Evangelista Vieira, irmão do governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), de tentar intimidar o trabalho da comissão.
Em depoimento na Polícia Federal em Florianópolis (SC), a funcionária da Telesc Maria Cristina Mesquita disse que recebeu ordens de Francisco Vieira, diretor de Serviços da estatal, para quebrar o sigilo telefônico do PPB, partido do senador Esperidião Amin, membro da CPI e adversário de Vieira.
A comissão investiga irregularidades na emissão de títulos pelo governo catarinense para o pagamento de dívidas decorrentes de sentenças judiciais. Vieira enfrenta processo de impeachment na Assembléia devido às denúncias.
"Ela (Maria Cristina) ratificou suas declarações, já dadas informalmente, de que foi pressionada a levantar os extratos telefônicos do PPB", disse o delegado que investiga o caso, Hermínio Barbedo.
Os extratos telefônicos seriam relativos aos meses de maio e junho deste ano. O diretor da Telesc estaria procurando telefonemas que relacionassem o PPB catarinense à Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo.
O objetivo, segundo os senadores, seria colocar sob suspeita o partido no Estado, já que a prefeitura paulistana também é acusada de irregularidades.
"É evidente que a quebra do sigilo foi uma tentativa de intimidar o meu trabalho e o da CPI", disse Amin, que não quis acusar Vieira de participação no caso.
Também estiveram na PF os senadores Romeu Tuma (PFL-SP), Emília Fernandes (PTB-RS) e Casildo Maldaner (PMDB-SC), todos integrantes da CPI.
Outro lado
Francisco Vieira, que também foi convocado para prestar depoimento ontem no inquérito que apura as denúncias, não compareceu. Segundo a sua secretária, ele estava ontem em São Paulo, resolvendo problemas particulares, e não poderia ser localizado.
"A ausência dele (Francisco), por uma dedução lógica, significa que ele assume sua culpa", disse a senadora Emília Fernandes.
O único a defender o governador foi o senador Casildo Maldaner, aliado de Paulo Afonso
"O que temos até aqui são afirmações que ainda carecem de comprovação. É preciso ouvir o depoimento de Francisco Vieira para depois tirar conclusões", afirmou. O diretor da Telesc será novamente convocado pela PF.

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