São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Requião acusa CPI de preparar "pizza"

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Precatórios, senador Roberto Requião (PMDB-PR), acusou ontem o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, de "encomendar uma pizza" aos integrantes da comissão. No jargão das CPIs, "pizza" se tornou sinônimo de impunidade.
Requião se referiu a uma carta em que Brandão pede ao presidente em exercício da CPI, senador Geraldo Melo (PSDB-RN), o reexame de trechos do relatório que envolvem o banco e das expressões usadas em relação ao Bradesco.
"Indignou-nos a imputação absolutamente infundada de crimes gravíssimos aos administradores desta instituição, como formação de quadrilha e estelionato. (É) Igualmente injusta a acusação de que acionistas e fundistas sofreram prejuízos", escreveu o presidente do Bradesco.
Em seu relatório, Requião acusa o banco de ser integrante permanente da "cadeia da felicidade" com títulos de Pernambuco e Santa Catarina, atuando como receptor final dos títulos.
Segundo o senador, os diretores do Bradesco "deveriam se dirigir à pizzaria da esquina". "A carta não muda a documentação apreendida da Tarimba nem o depoimento do dono da Paper", disse Requião.
O dono da Paper, Augusto César Falcão de Queiroz, disse em depoimento à CPI, que sua empresa era "broker" (operador) do Bradesco.
O relatório cita ainda documentos apreendidos na Paper que indicam, segundo ele, que operações em que o Bradesco adquiriu títulos "já tinham sido acertadas vários dias antes da negociação, o que fora negado pelos dirigentes do banco em depoimento junto à CPI".
O presidente do Bradesco critica ainda o fato de Requião desconsiderar conclusões de auditoria do Banco Central no Bradesco, realizada por determinação da própria CPI no dia 7 de abril. Requião disse desconhecer o relatório.
Requião disse ainda que a possibilidade de apresentação de "votos em separado" para alterar o relatório significa que o presidente da CPI "está montando um forno para assar a pizza". Geraldo Melo não quis comentar a declaração.
Segundo Requião, o ex-prefeito Paulo Maluf e o governador Paulo Afonso Vieira (Santa Catarina) também estão fazendo "lobby" pela condescendência do Senado.
Ele diz que estão sendo preparadas "pizzas individuais" para Maluf, Vieira e o Bradesco. "São patifarias de véspera de eleição."
O ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) também pediu para ser excluído do relatório.
Requião quer mudar seu texto para isentar o governo do Rio.

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