São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Suposto grupo assume culpa em carta

MALU GASPAR

MALU GASPAR; MARCELO GODOY; CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A PF (Polícia Federal) está investigando a carta de um suposto grupo terrorista que reivindica a responsabilidade pela explosão do último dia 9 no Fokker-100 da TAM.
A hipótese de atentado está entre as principais consideradas pela Polícia Federal. Outra possibilidade é a de explosão acidental.
A assessoria de imprensa da PF informou que um perito do Instituto de Criminalística (IC) irá analisar a autenticidade da carta. Um delegado analisará o conteúdo.
A mensagem chegou à PF depois de ser localizada por repórteres do jornal paulista "Diário Popular", seguindo a orientação de uma pessoa não-identificada. Estava dentro de uma lata de tinta, entre pedras, numa praça da Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de SP).
O documento é datado de 10 de julho, dia seguinte ao do acidente. Está endereçado ao tenente-coronel Jairo Paes de Lira, comandante do 3º Batalhão de Choque da PM e chefe do Gate (Grupo de Ações Táticas e Especiais).
O texto identifica o grupo como "m3oras147-tk". O atentado é tratado como o "primeiro BR.Sul".
Segundo o documento, o material utilizado teria sido "TNT Nitro-ressulusinol, Condutor Plástico, CPst, 285,2 ml prensd.".
Para Osvaldo Negrini, diretor técnico do IC, "a impressão que dá é que a pessoa tentou escrever o nome científico do estifnato, que é trinitrorresorcinato".
Segundo ele, a carta é coerente quando fala em detonador acoplado a explosivo, mas é incoerente na identificação dos elementos e na quantidade. A quantia descrita poderia explodir o avião inteiro, de acordo com o diretor.
Segundo o professor José Atílio Vanin, além do nome do explosivo, que estava escrito errado, o único item da carta a fazer sentido é o "condutor plástico". "Pode ser um conduíte plástico usado no mecanismo de bombas."
A PF não diz se o documento é considerado relevante. A PF tem recebido telefonemas de pessoas que dizem ter informações sobre o possível atentado.
A carta do suposto grupo terrorista foi datilografada, coberta com talco e amassada. Segundo o tenente-coronel Jairo Paes de Lira, esse procedimento serve para apagar ou dificultar a identificação das impressões digitais.
O texto tem erros de português e frases sem sentido.
A assessoria de imprensa da TAM afirma que a empresa só se pronunciará sobre o assunto depois que as investigações forem encerradas.
Computador
A PF vai tirar cópia de toda a memória do computador do engenheiro Fernando Caldeira de Melo, passageiro ejetado do avião, e devolvê-lo à família.
A informação foi dada pelo irmão da vítima Kramer Caldeira de Melo. Segundo ele, a pasta do engenheiro, onde estava o computador e que foi achada intacta, permanecerá com a PF para análise por mais algum tempo.
A cópia foi feita a pedido da família, que precisava dos dados da Amix, empresa de Fernando, que estavam no computador para prosseguir os negócios.

Colaboraram Marcelo Godoy e Crispim Alves

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