São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Dupla aborrece com tara em tempo integral

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

É possível que as vinhetas para a MTV justifiquem de algum modo a fama que Beavis e Butt-Head adquiriram desde que chegaram ao estridente mundo dos personagens pop, em 1993.
O longa "Beavis e Butt-Head Detonam a América" não os favorece, em todo caso. Os traços dos dois garotos são excessivamente típicos: só pensam em transar (pela primeira vez), masturbam-se em tempo integral, vêem em tudo indícios de sexualidade.
Em suma, Beavis e Butt-Head são infelizes, desajeitados, "hormonais", descerebrados e precários. São anárquicos intuitivos e tarados benignos, além de dependentes da TV.
Ora, isso tudo pode ser muito gracioso, e até verdadeiro em relação à adolescência, e daí o sucesso da dupla criada, desenhada e dublada por Mike Judge.
Mas, em 80 minutos, parece mais que estamos diante de um "Dom Quixote" em versão erotômana. E aí o que temos são dois meninos aborrecidamente unidimensionais, que só pensam em TV e sexo e, de mal-entendido em mal-entendido, envolvem-se numa trama boba de polícia versus bandido.
É verdade que em alguns momentos o curto-circuito dos signos ameaça deixar de ser apenas um problema de percepção da adolescência para se revelar um problema de civilização.
Mas isso não acontece, como se Mike Judge julgasse bem necessário não só afirmar Beavis e Butt-Head como sujeitos de um discurso grosseiro como também identificar esse discurso ao próprio filme.
É insensato, mas o que parece fazer sucesso não é a capacidade de apreender a adolescência, e sim a estupidez e a inconsequência de seus personagens.
Beavis e Butt-Head são mais uma vertente do besteirol, do "trash", essas bobagens.
(IA)

Filme: Beavis e Butt-Head Detonam a América
Produção: EUA, 81 min.
Direção: Mike Judge
Quando: a partir de hoje, nos cines Olido 3, Paulista 4 e circuito

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