São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Dupla aborrece com tara em tempo integral
INÁCIO ARAUJO
O longa "Beavis e Butt-Head Detonam a América" não os favorece, em todo caso. Os traços dos dois garotos são excessivamente típicos: só pensam em transar (pela primeira vez), masturbam-se em tempo integral, vêem em tudo indícios de sexualidade. Em suma, Beavis e Butt-Head são infelizes, desajeitados, "hormonais", descerebrados e precários. São anárquicos intuitivos e tarados benignos, além de dependentes da TV. Ora, isso tudo pode ser muito gracioso, e até verdadeiro em relação à adolescência, e daí o sucesso da dupla criada, desenhada e dublada por Mike Judge. Mas, em 80 minutos, parece mais que estamos diante de um "Dom Quixote" em versão erotômana. E aí o que temos são dois meninos aborrecidamente unidimensionais, que só pensam em TV e sexo e, de mal-entendido em mal-entendido, envolvem-se numa trama boba de polícia versus bandido. É verdade que em alguns momentos o curto-circuito dos signos ameaça deixar de ser apenas um problema de percepção da adolescência para se revelar um problema de civilização. Mas isso não acontece, como se Mike Judge julgasse bem necessário não só afirmar Beavis e Butt-Head como sujeitos de um discurso grosseiro como também identificar esse discurso ao próprio filme. É insensato, mas o que parece fazer sucesso não é a capacidade de apreender a adolescência, e sim a estupidez e a inconsequência de seus personagens. Beavis e Butt-Head são mais uma vertente do besteirol, do "trash", essas bobagens. (IA) Filme: Beavis e Butt-Head Detonam a América Produção: EUA, 81 min. Direção: Mike Judge Quando: a partir de hoje, nos cines Olido 3, Paulista 4 e circuito Texto Anterior: 'Beavis e Butt-Head são só engraçados' Próximo Texto: Teatralidade engole "As Filhas de Marvin" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |