São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Produção tenta libertar Ceará dos clichês

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Um longa-metragem que mostre os desencontros e os dramas de personagens do universo urbano do Ceará e que fuja dos clichês regionalistas que sempre marcam a imagem dos nordestinos no cinema e na televisão.
É com essa proposta de ruptura que o cineasta cearense Marcos Moura, 36, iniciou em Fortaleza as filmagens de "Iremos a Beirute", seu primeiro filme.
Orçado em R$ 920 mil, a produção traz os atores Guilherme Karan, Giovana Gold e Ilya São Paulo no elenco.
A direção de fotografia é do veterano Mário Carneiro ("Todas as Mulheres do Mundo").
O figurino é assinado pelo jornalista e colaborador da Folha Jackson Araújo.
Geração urbana
Formado em direção na Escola Internacional de Cinema de Cuba, Moura já trabalhou em emissoras de TV e agências de publicidade de Fortaleza.
Em 1995, seu curta-metragem "O Amor Não Acaba às 15h30" ganhou prêmios no Festival de Cinema de Brasília e em outros nove festivais.
Marcos Moura afirma que vai procurar retratar em seu novo longa-metragem as questões existenciais de uma geração que vive sua juventude no Ceará, mas que nem por isso está marcada diretamente pelos costumeiros dramas da seca e do sertão.
Gold (atriz que trabalhou em "Baile Perfumado") diz que foi justamente essa perspectiva que a atraiu para fazer Salma, personagem principal de "Iremos a Beirute".
"É uma história comum, bonita, neurótica. E ainda mostra Fortaleza como uma outra cidade qualquer, sem o estereótipo das rendas e rendeiras", afirma a atriz.
A trama
"Iremos a Beirute" começa focalizando uma turma de adolescentes que vive na década de 70 no Ceará e disputa o amor de Salma num jogo de futebol.
O grupo se reencontra 20 anos depois, e a disputa continua com novos ingredientes.
As filmagens estão sendo feitas em Fortaleza e na serra de Pacatuba (CE), local onde fica a fictícia vila Beirute, uma comunidade de descendentes de árabes na qual os adolescentes costumam passar suas férias.
Parte da equipe do filme foi recrutada entre os alunos do Instituto Dragão do Mar, uma escola de cinema mantida pelo governo cearense.
Moura diz que metade do orçamento foi garantida por subsídios captados pela Lei Jereissati de Incentivo à Cultura.
"A batalha agora é para conseguir o restante", afirma o diretor.

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