São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997 |
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'Aqui não é só seca, praia e sertão', diz Moura
PAULO MOTA
"O Ceará não é só seca, praia e sertão", diz o cineasta. (PM) * Agência Folha - O roteiro de "Iremos a Beirute" mostra mais o universo urbano do Ceará, fugindo da tradicional imagem regionalista. Por quê? Marcos Moura - Porque, estranhamente, eu procuro me aproximar mais da realidade, e a realidade que eu conheço é essa: uma cidade contemporânea, com 2 milhões de habitantes. Eu me preocupo muito com o presente e quero mostrar os tipos de pessoas que conheço. Como amam, falam, pensam. Como vivem. Agência Folha - Quais são as especificidades desse universo inesperado? Moura - Fortaleza é uma cidade muito mutável, que vive o dilema de ser província e metrópole ao mesmo tempo. Mas o filme não se centra na cidade, ele se preocupa com as pessoas. Acredito que os sentimentos dessas pessoas sejam universais: as paixões, os ódios, os sentimentos. É claro que temos nossos próprios códigos e é isso que estou tentando mostrar. Agência Folha - O universo sertanejo tem sido o grande filão dos cineastas que buscam retratar o Ceará. Isso não lhe interessa? Moura - Não, apesar de achar muito importante que se faça isso. Eu quero dizer que meu filme é extremamente cearense, mas não necessariamente sertanejo. Agência Folha - Que críticas você faz da imagem que se convencionou associar ao Nordeste nas produções feitas para cinema e televisão? Moura - É uma imagem estereotipada. A idéia vendida é que as pessoas têm preguiça, são sofridas ou sensuais. A coisa de sempre do tema da seca, da praia. Bonito é só mar, fora da praia o resto é só um deserto. Parece que aqui ninguém pensa, ama. Vou aproveitar e mostrar a paisagem serrana do interior do Ceará, que é muito verde e muito bonita também. O Ceará não é só seca, praia e sertão. Texto Anterior: Produção tenta libertar Ceará dos clichês Próximo Texto: Filme com Pitt omite passado nazista de personagem central Índice |
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