São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TAMBÉM É PRECISO CRESCER

A aprovação em primeiro turno do Fundo de Estabilização Fiscal ajuda a conter o déficit orçamentário. Mas também confirma que o ajuste das contas públicas é um problema que se arrasta preocupantemente.
No início de 94, o Fundo Social de Emergência foi aprovado por dois anos como "tampão fiscal" até que a implementação de reformas desse sustentação às contas do Estado. Mas as emendas que permitiriam maior contenção de gastos com salários e aposentadorias só agora dão os primeiros e pequenos passos.
Para complicar, a implementação do Real deixou uma enorme conta de juros, que contribuiu para que a dívida pública em títulos saltasse de R$ 56,4 bilhões em julho de 94 para R$ 155,9 bilhões em maio deste ano. Só em 95 e 96, o serviço da dívida custou R$ 97,5 bilhões. São dados do BC.
Em tese, essa conta seria fechada com as reformas e as privatizações. Na prática, porém, os números não chegam à magnitude esperada. A reforma administrativa só avançou até a demissão de funcionários caso a caso, em processos que comprovem insuficiência de desempenho. A reforma da Previdência, aprovada ontem pelos senadores da Comissão de Constituição e Justiça, parece mais promissora. Mas, além das votações que restam no Senado, ainda terá de enfrentar o plenário da Câmara, onde as resistências são maiores.
As privatizações prometem trazer alívio por dois ou três anos. Mas seu efeito só ocorre uma vez e se esgota. Tudo considerado, parece difícil que o Brasil contenha o endividamento público sem viabilizar a retomada do crescimento. E as reformas são um dos pressupostos dessa retomada.
A modernização do Estado é, assim, condição necessária, mas não suficiente, para reequilibrar as contas públicas. É preciso que as reformas avancem e que com elas se viabilize o crescimento. Sem um avanço da economia que eleve a arrecadação e reduza o peso dos encargos financeiros, será difícil escapar da eterna reedição de remendos fiscais.

Texto Anterior: INTERVENÇÃO EM ALAGOAS
Próximo Texto: OS FUROS DA GESTÃO MALUF
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.