São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OS FUROS DA GESTÃO MALUF

Com uma frequência mais do que suspeita, toda vez que se desloca o olhar para as contas da gestão do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf ou de seu ex-secretário das Finanças e atual chefe do Executivo paulistano, Celso Pitta, tem-se vislumbrado suspeita de irregularidade.
Ainda que em termos judiciais as provas sejam difíceis de obter, parece mais do que claro que as emissões de títulos para o pagamento de precatórios não seguiram as regras estabelecidas pela Constituição federal. Há até mesmo quem afirme que o esquema de desvio de títulos públicos foi "exportado" de São Paulo para outras localidades do país.
Para além dos precatórios, surgem agora sombras acerca da compra de frangos e até de carros. As grandes obras viárias (a marca mesmo da gestão de Paulo Maluf) cumpriram seu calendário eleitoral, mas estão agora, muitas delas, paralisadas, com grandes prejuízos não só para o tráfego, mas também para as próprias finanças da cidade.
Ao que tudo indica, a administração de Maluf acabou seguindo o exemplo de compor uma mistura entre obras visíveis que garantem votos e uma administração sob suspeitas.
Dentro desse esquema viciado, que se repete na cidade de São Paulo e também em muitos recantos do país, fica difícil imaginar o Brasil entrando na modernidade.
Fala-se muito em reformas fiscais e previdenciárias para que o Brasil possa de fato avançar. São poucos os que negam a necessidade desse tipo de mudança, mas é igualmente importante lembrar que uma grande reforma política seria necessária ao menos para tentar atenuar a forma arcaica de administração que hoje se vê à solta pelo país.

Texto Anterior: TAMBÉM É PRECISO CRESCER
Próximo Texto: Alagoas é o Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.