São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Déficit comercial derruba Bolsa de NY

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DE BUENOS AIRES

A Bolsa de Valores de Nova York fechou ontem com queda de 1,62%, depois da alta dos dias anteriores, quando o índice Dow Jones bateu recorde de alta.
Além das ordens de venda para a realização de lucros, contribuiu para o recuo a divulgação do déficit da balança comercial do país, que cresceu 17%.
O rendimento pago pelos títulos dos EUA de 30 anos aumentou, fechando a 6,53% ao ano.
O déficit comercial dos EUA chegou a US$ 10,4 milhões em maio. Esse resultado é bem mais alto do que o previsto pelos analistas de Wall Street e também bem superior aos US$ 8,7 milhões registrados em abril.
A constante queda das importações européias e japonesas teriam sido as principais causas do resultado.
Efeito Bill Gates
Outra explicação para a queda da Bolsa norte-americana foi a divulgação oficial do balanço trimestral da Microsoft, empresa de Bill Gates.
Mesmo apresentando um crescimento de quase 90% no período, se comparado ao mesmo período do ano anterior, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro.
As ações de empresas de software e tecnologia de informática foram as que tiveram maior queda ontem. No dia anterior, o empresário Bill Gates conseguiu lucros de US$ 3 bilhões no mercado de ações.
Argentina
Pela quarta vez na semana, a Bolsa de Valores de Buenos Aires terminou o dia em queda.
O índice Merval, que registra a cotação acionária das principais empresas com operações no mercado financeiro portenho, caiu ontem 1,62%.
Os operadores continuam explicando que a queda em Buenos Aires está diretamente relacionada com o mau desempenho da Bolsa de São Paulo e com os insistentes boatos de desvalorização do real perante o dólar.
Essa eventual desvalorização prejudicaria as exportações argentinas (os produtos do país ficariam mais caros para o consumidor brasileiro) e causaria uma imediata fuga de capitais no país (o que seria consequência de uma crise de confiança por parte dos investidores estrangeiros).
Como o mercado de capitais argentino é menos regulamentado que o do Brasil, seria mais fácil para esses investidores retirarem seus recursos que estão aplicados em ações negociadas na Bolsa de Buenos Aires.
Internamente, os dados da economia argentina são positivos: o Produto Interno Bruto cresceu 8,1% no primeiro trimestre de 1997 (em comparação com o mesmo período do ano passado), e o governo confirmou ontem que o desemprego semestral caiu de 17,35% para 16,1%.
Assim como São Paulo, nesta semana o mercado de ações de Buenos Aires só apresentou uma variação positiva na última quarta-feira (2,28%).
Em todos os demais dias, a variação do índice Merval foi negativa.
Para o economista Roberto Alemann, as quedas na Bolsas de São Paulo não têm relação com uma eventual desvalorização do real. "Esse mercado subiu muito, sem um saneamento econômico". Ele lembrou que o Brasil ainda não completou seu programa de privatizações.
A Bolsa mexicana também fechou em baixa ontem, impulsionada pelas quedas nas Bolsas brasileiras e norte-americana. O principal índice da Bolsa do país fechou em 4.720,56 pontos, o que representou um perda de 95,81 pontos.

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