São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Movimento teve início em um bar

RODRIGO VERGARA
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O confronto com o Exército na quinta-feira, em frente à Assembléia Legislativa de Alagoas, foi o ponto culminante de um movimento dentro da Polícia Militar que teve início há um ano, no dia 15 de julho de 1996, quando a tropa aquartelou-se pela primeira vez no Estado.
A revolta hoje inclui todos os níveis hierárquicos da Polícia Militar, à exceção do comando. Mas começou como um movimento de oficiais, mais especificamente majores, que se reuniram pela primeira vez para discutir o assunto em um bar localizado na orla marítima de Maceió.
O major Inaldo Rogério Duarte, PM há 19 anos, era um deles, mas não revela os nomes dos outros cinco participantes.
"Eu estava em casa quando me ligou um colega dizendo que estava difícil conseguir quem aderisse à sua idéia e me expôs sua proposta. Alguns dias depois nos encontramos em um bar da orla", diz Duarte, que faz questão de lembrar que nenhum dos participantes ingeriu bebida alcoólica.
"Durante a reunião, tomamos alguns refrigerantes, apenas. Decidimos ali chamar outros oficiais e convocar a tropa", disse ele.
A iniciativa tentava evitar que a insatisfação surgisse de dentro da tropa, o que, segundo ele, "seria mais perigoso".
"Se somos oficiais para cobrar os deveres dos soldados, cabos e sargentos, somos também para defender os direitos deles", disse Duarte.
Paralisação
A primeira paralisação ocorreu no mês seguinte. "Foi em um fim-de-semana, quando o contingente em trabalho não é grande. Mas a repercussão foi grande em todo o Estado."
Desde então, ocorreram quatro paralisações, que renderam prisões a todo o grupo de majores. Duarte esteve entre eles, mas foi libertado poucos dias depois.
Na última, anteontem, Duarte teve participação destacada. Pôde ser visto com os braços abertos, em meio à população deitada para proteger-se dos tiros. Pedia que os policiais não atirassem.

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