São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Exército utiliza 1.500 homens no Estado

ARI CIPOLA

ARI CIPOLA; RODRIGO VERGARA
DA AGÊNCIA FOLHA EM MACEIÓ

Forças Armadas usam 1.500 homens no policiamento do Estado para substituir os PMs, que estão em greve

O Exército começou ontem a patrulhar as ruas de Maceió e cidades do interior de Alagoas em substituição ao trabalho da Polícia Militar, parada há 11 dias no Estado e sob ameaça de intervenção a partir de amanhã.
Até então, o Exército guardava apenas prédios públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O Exército usa um efetivo de 1.500 homens, número duas vezes e meia superior à tropa localizada em solo alagoano, que é de 600 homens.
Cada patrulha é integrada por um jipe, três caminhões e 30 soldados armados com fuzil, metralhadora e granada.
As ações terrestres são auxiliadas por helicópteros da Brigada de Infantaria Pára-Quedista. A brigada é sediada no Rio de Janeiro e, segundo nota do Exército, é uma "tropa apta e experiente e que tem a capacidade de rápida concentração utilizando meios aéreos".
Os helicópteros e as patrulhas foram atração para parte dos 2,7 milhões de habitantes de Alagoas. Eles podiam ser vistos na orla marítima e periferia de Maceió.
As operações são comandadas pelo comandante da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada de Natal (RN), general Hélio Seabra Monteiro de Barros, designado pelo Ministério do Exército.
"A movimentação do Exército é apenas um problema estratégico. As novas tropas que chegaram visam dar mais tranquilidade à sociedade alagoana", afirmou o governador interino Manoel Gomes de Barros (PTB).
A patrulha do Exército não resolve os problemas de segurança de Alagoas. Além da PM, as delegacias estão fechadas. Ninguém foi preso e nenhum inquérito foi aberto desde o começo da greve dos 1.350 policiais civis do Estado.
O Exército não tem condições de substituir o trabalho da Polícia Civil. A presença das tropas nas ruas é uma forma de garantir um pouco de segurança aos bens públicos.
O general Monteiro se manifestou apenas por meio de nota oficial. "O governo federal decidiu enviar tropas adicionais a fim de garantir a segurança necessária aos bens públicos, à população e ao funcionamento dos Poderes estaduais", diz a nota.
O governador interino admitiu ontem que uma das soluções para acabar com a crise na segurança pública do Estado que pode ser adotada amanhã é a intervenção do Exército na PM.
Os deputados federais e senadores do Estado se reuniram ontem com Barros e disseram apoiar a intervenção na PM e a nomeação de um nome de fora do Estado para assumir a Secretaria da Segurança.
"Eu e o chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, vamos encontrar a melhor saída na terça-feira. Ele vem para Alagoas e vamos definir os nomes dos novos dirigentes da PM e da secretaria", afirmou o governador interino.
A Polícia Militar de Maceió decide na quarta-feira, em assembléia com toda a corporação, se retorna ao trabalho. As entidades de classe da PM pretendem votar a proposta, ainda extra-oficial, de pagamento do primeiro salário atrasado em 15 de agosto.
Outra proposta deve ser apresentada na terça-feira aos servidores, em reunião com o secretário da Fazenda, Roberto Longo.
Na sexta-feira, nova assembléia, com todo o funcionalismo, deve votar proposta a ser apresentada nesta semana e que deve incluir o pagamento de pelo menos um salário atrasado ainda nesta semana.

Colaborou Rodrigo Vergara, enviado especial a Maceió

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