São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Presidente da ECT sai após crítica de Motta

PMDB reage a declarações do ministro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Amílcar Gazaniga, deverá apresentar sua demissão ao ministro Sérgio Motta (Comunicação), por orientação da direção do PPB.
A demissão deve ser apressada por causa das declarações do ministro Sérgio Motta (Comunicações) em entrevista à revista "Veja" desta semana. O presidente do PPB, o senador Esperidião Amin (SC), disse que Motta foi "desleal, desonesto e deselegante" porque descumpriu acordo anterior.
O PMDB, que teve dois ministros criticados -Iris Rezende (Justiça) e Eliseu Padilha (Transportes)-, vai cobrar posição do presidente sobre as declarações de Motta, alegando que os ministros foram escolha de FHC.
Na entrevista, Motta diz que "ninguém sabe nem o nome do sujeito", referindo-se a Gazaniga. E acrescenta que está "com carta branca" para substituí-lo.
Afirma também que as nomeações de Iris Rezende e Eliseu Padilha foram "decepcionantes". Segundo Motta, "o PMDB dá menos voto para o governo hoje do que dava antes".
Motta revela que o preferido do presidente para a Justiça era o ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal.
Iris Rezende disse à Folha "que o estilo do ministro (Motta) já é por demais conhecido".
Querendo demonstrar que não se sentiu incomodado com as declarações, Iris disse que, num regime presidencialista, "quem avalia os ministros é o presidente".
A Folha apurou que as declarações de Motta desagradaram ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Ontem, ele não respondeu às perguntas de repórteres sobre a entrevista do ministro.
Na avaliação do Palácio do Planalto, o presidente aguarda com preocupação a reação dos ministros criticados por Motta e dos partidos aliados ao governo, especialmente o PMDB e o PFL. Dessa reação, depende a medida que o presidente vai tomar.
Motta aproveitou o final da tarde de ontem para caminhar pelo calçadão da praia de Ipanema (zona sul), acompanhado da mulher, Wilma. À noite, em cerimônia na Academia Brasileira de Letras, disse que não havia lido a entrevista e que não poderia comentá-la.

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