São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Policiais civis querem reunir 3.000 hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais civis querem fazer hoje, em São Paulo, o maior protesto da categoria por aumento salarial em sua história.
O protesto está marcado para as 14h. Dezenove entidades de classe do interior e capital, comandadas pelo Sindicato dos Investigadores do Estado de São Paulo, querem aglomerar entre 2.000 e 3.000 pessoas em frente ao Palácio da Polícia, na rua Brigadeiro Tobias (região central).
Em passeata, eles irão até a praça da República, também no centro. Lá, pegarão cerca de 50 ônibus fretados em direção ao Palácio dos Bandeirantes (zona sudoeste), sede do governo paulista.
CUT
A logística do ato está a cargo da CUT (Central Única dos Trabalhadores), a qual o sindicato é filiado. O presidente cutista, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, será o principal orador. Membros do movimento Reage São Paulo, que pretende pôr 250 pessoas na passeata, também falarão, além de sindicalistas e policiais.
A orientação é evitar confronto com os PMs que protegem o palácio (leia texto ao lado). "Queremos que o governador receba uma comissão", disse Lourival Carneiro, coordenador do ato.
A decisão de realizar o protesto foi tomada na última terça-feira, em assembléia de 400 policiais.
Eles recusaram, por unanimidade, a proposta de aumento de Covas, que ofereceu reajustes de 5,1% a 34%. Os policiais civis querem 88,68% de aumento salarial, mas Carneiro disse ontem pela primeira vez que aceitaria discutir um índice menor -de até 50%.
O governador Mário Covas (PSDB) diz que sua oferta é final.
O sindicato decretou o chamado estado de greve, quando não há prejuízo ao trabalho, mas fixa 9 de agosto como a data-limite para uma definição antes de uma paralisação. Hoje haverá trabalho normal nas delegacias da cidade.
Covas não deverá receber os manifestantes. O secretário-adjunto de Segurança Pública, Luiz Antônio Alves de Souza, também não. O titular da pasta, José Afonso da Silva, está em viagem particular à Europa e deve voltar no dia 26.
Os policiais esperam que pelo menos um terço dos manifestantes venha do interior de São Paulo. O custo da operação, segundo Lourival Carneiro, será fechado apenas amanhã ou na quarta-feira.
Há em São Paulo 36.636 policiais civis, metade deles na capital.
Motoristas
Os motoristas paulistanos deverão evitar o centro e a região do Palácio dos Bandeirantes durante a manifestação dos policiais.
Os bloqueios de trânsito, que serão feitos pelo CPTran (Comando do Policiamento de Trânsito) e CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), só serão definidos após ser analisada a extensão do movimento.
Panelaço
A associação que reúne mulheres de policiais militares em São Paulo deverá participar do ato batendo em panelas vazias. O "panelaço" está previsto, mas a entidade não sabe quantas pessoas vai arregimentar. Outras associações devem enviar faixas de protesto.
Os PMs decidiram não entrar em greve, apesar de considerarem "absurdos" os reajustes diferenciados concedidos por Covas.
O governador concedeu reajustes entre 8,5% e 34% para os PMs. A corporação reivindicava 77,24% de reajuste para os soldados. Oficiais, assim como os delegados de polícia, não receberam aumento.
A tropa da PM paulista é composta por 79.527 homens. Seu piso salarial é de R$ 561,00.

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