São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Grandalhões crescem à base de anabolizantes

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Brutamontes como Schwarzenegger e Stallone só ficaram daquele tamanho porque tomaram "bomba" (anabolizante). "É impossível ficar com aquele corpo sem o auxílio desse tipo de droga", garante o médico fisiologista Turibio Leite de Barros Neto.
Isso porque os músculos de uma pessoa podem crescer até um certo ponto, segundo sua herança genética e independentemente do quanto ela se exercita. Os anabolizantes são hormônios que dão uma "força extra" aos músculos. Quem toma consegue ganhar massa muscular mais rápido e até superar seu potencial genético.
O problema é que eles trazem vários efeitos colaterais, que inclui câncer de fígado e infertilidade.
"Comecei a tomar bomba por conta própria. Ficava nervoso e tremia. Fiquei broxa durante uns seis meses. Mas, como sou lutador de vale-tudo, tenho de tomar, pois é impossível ficar como os outros caras sem tomar nada", diz um professor de musculação que não quis se identificar.
Apesar dos riscos, as academias, garantem vários instrutores, estão cheias de garotos que lançam mão do artifício para conquistar o corpo que sonharam. Mas o resultado, muitas vezes, deixa a desejar. O look boneco inflável é inevitável. O anabolizante provoca retenção de líquido. Além disso, pode alterar o formato do rosto, deixando-o meio quadrado, e provocar acne.
"Eu sei quem toma bomba só de olhar. Até a pele fica diferente", diz um professor de uma academia, que não quis se identificar.
"Muitos professores de musculação vendem aos alunos suplementos alimentares e anabolizantes contrabandeados", diz o professor de educação física Isaías Rodrigues, 27, que já foi coordenador de várias das principais academias de São Paulo. "Eles pregam a saúde, mas não é isso que vendem."
Outra panacéia disseminada no mundo das academias são os suplementos alimentares, aminoácidos e "fat burners" (queimadores de gordura). Segundo os especialistas, os efeitos atribuídos a eles não têm comprovação científica. Pior: podem fazer mal.
"O corpo só consegue usar os aminoácidos até um certo limite. O que sobra é eliminado pelos rins, que podem ficar sobrecarregados. Também há o risco de desenvolver problemas gastrintestinais ", diz Sandra Matsudo, médica especializada em medicina esportiva.
(SR)

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