São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Hyldon trouxe soul rural ao Brasil

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira faixa do primeiro disco de Hyldon, que a PolyGram promete recolocar em circulação no próximo mês, em CD, é já uma declaração de intenções.
Chama-se "Guitarras, Violinos e Instrumentos de Samba". Aí Hyldon se define e se diferencia de seus pares, Tim Maia e Cassiano.
Diferentemente dos outros, pretende adicionar brasilidade a um universo de vocais e influências da soul music ("misturar guitarra de iê-iê-iê/ violinos com instrumentos de samba" e "eu sempre lembro de você/ quando escuto música americana", sintetiza).
Não só brasilidade: inaugura aqui apreço constante pela orquestração, inserindo cordas e metais levados por músicos que se tornariam, logo adiante, expoentes do funk carioca (Azymuth, Banda Black Rio, Carlos Dafé).
No seu caso, a brasilidade -aprendida na convivência com uma musa oriunda de Minas Gerais- fala mais alto e resulta em peças soul que são quase toadas.
Aí se inserem "Na Rua, na Chuva, na Fazenda", "Na Sombra de uma Árvore", "Sábado e Domingo" e "Quando a Noite Vem", todas versando sobre o amor e o amor pela natureza.
Saem daqui seu dois maiores êxitos comerciais -e duas de suas mais significativas canções-, a faixa-título e "As Dores do Mundo". A primeira é bem menos lânguida que a releitura do Kid Abelha, e se complementa com fotos de capa e contracapa, em que Hyldon rema num riacho, admira um tomate e passeia pela fazenda.
"As Dores do Mundo" tem dom bem menos funk que a adaptação da banda mineira J. Quest.
Era a contribuição de Hyldon ao pop dos 70: o jovem e tranquilo baiano havia inventado a soul music rural -no sentido brasileiro da palavra-, num híbrido original entre Marvin Gaye, Tim Maia e Milton Nascimento.
(PAS)

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