São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Mostra recria intimidade de Nureyev

ANA FRANCISCA PONZIO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Três anos após a morte de Nureyev, a cidade de Paris continua homenageando o bailarino que introduziu o balé na cultura pop.
Inaugurada em 30 de abril no museu Carnavalet, a exposição "Rudolf Nureyev - Une Étoile à Paris" se distribui por quatro salas que, além de mostrar aspectos da obra do artista, recriam cenários íntimos, preenchidos por objetos pessoais, móveis, fotos, livros, discos, roupas e obras de arte.
Imersa na penumbra, essa coleção simula aposentos particulares, que permitem perceber não só o gosto pessoal de Nureyev como também a fortuna que o bailarino conseguiu acumular.
Colecionador de preciosidades, Nureyev transformou em museus os dois apartamentos que habitou nos últimos anos de sua vida -um em Nova York (no edifício Dakota, onde moraram celebridades como John Lennon), outro em Paris, às margens do rio Sena.
Nos dois endereços, Nureyev se cercou de tesouros como um cravo do século 18, avaliado em US$ 120 mil, móveis antigos, tapeçarias orientais e gravuras do século 16.
Parte desses objetos já rendeu leilões milionários, como o promovido em 1995 pela casa Christie's, de Nova York, que arrecadou US$ 8 milhões. Outra parte pertence à Fundação Nureyev, que cedeu as peças para a exposição.
Segundo o museu, o objetivo não é proporcionar uma apresentação exaustiva da obra de Nureyev, mas recriar um lugar de memória.
Na primeira sala, em ordem cronológica, há uma série de fotografias sobre a carreira do bailarino, desde os anos em que ele dançava no Ballet Kirov até o fim dos anos 80. Cenas de espetáculos e ensaios se alternam com retratos íntimos, além das célebres fotografias feitas por Richard Avedon em 1962.
Os figurinos que vestiram Nureyev em espetáculos históricos encontram-se na segunda sala.
Na terceira sala, a excentricidade de Nureyev é ressaltada por meio dos objetos pessoais, que incluem desde um mantô indiano bordado com fios de ouro até roupas do século 18, usadas na corte européia e compradas como curiosidade de época.
O gosto pela música, cultivado paralelamente à dança, está presente na coleção de partituras.
Para encerrar, a exposição reúne uma multiplicidade de recortes de jornais, prêmios, além da célebre primeira página do jornal "Daily Express", que em 17 de junho de 1961 destacava a fuga de Nureyev para o Ocidente.
Em meio a esse "bric-à-brac", ainda é possível saborear o estilo feroz que fez de Nureyev um dos melhores intérpretes de todos os tempos, na sala de projeções que mostra o bailarino em cena.

Exposição: Rudolf Nureyev - Une Étoile à Paris
Onde: museu Carnavalet (23, rue de Sévigné, Marais, Paris - França)
Quando: ter a dom, das 10h às 17h40; até 27 de julho
Quanto: 35 francos (cerca de R$ 7) e 25 francos (cerca de R$ 5)

A jornalista Ana Francisca Ponzio viajou à França a convite do evento "Comfort em Dança".

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