São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A DUPLA HERANÇA DE PITTA

A forte deterioração na imagem do prefeito paulistano, Celso Pitta, talvez se constitua em caso inédito na recente história política do país.
Há pouco menos de sete meses no cargo, Celso Pitta não conseguiu sair em momento algum do noticiário relativo a escândalos e irregularidades, o que o conduziu ao último lugar entre os 11 prefeitos de capitais avaliados pelo eleitorado, na mais recente pesquisa do Datafolha.
Para quem por muito pouco deixou de eleger-se já no primeiro turno, a atual avaliação do eleitorado só pode ser considerada catastrófica.
É claro que Pitta ainda tem tempo suficiente para se recuperar, mas a possibilidade de que isso ocorra parece, por enquanto, prejudicada.
Afinal, o prefeito elegeu-se à sombra de seu antecessor, Paulo Maluf, cuja marca registrada são as obras. Ora, Reynaldo de Barros, secretário de Obras tanto de Maluf como de Pitta, chega agora a dizer estar "ocioso", em consequência da redução no ritmo das obras municipais.
O sucessor de Pitta na Secretaria das Finanças, José Antonio de Freitas, por sua vez, fala em "contenção de despesas", exatamente o oposto do que fez Maluf, em especial durante a campanha eleitoral do ano passado.
São fatos que parecem indicar que Pitta dificilmente conseguirá marcar sua gestão pelas obras.
Mas tampouco pode usar ações sociais, como o PAS ou os Cingapuras, projetos que ocuparam lugar de destaque na propaganda eleitoral do malufismo. Se não há recursos para obras, tampouco os haverá para novos Cingapuras.
Quanto ao PAS, a situação é de atraso no pagamento de funcionários e dívidas com fornecedores.
Tudo somado, tem-se uma ironia: Pitta herdou os votos de Maluf, mas ficou também com a bomba de efeito retardado legada por seu antecessor, na forma de uma enorme dívida e da consequente escassez de recursos até para o essencial.

Texto Anterior: MONTANHA-RUSSA
Próximo Texto: UMA NOVA VELHA ONU
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.