São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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País gasta mais com importação de leite

SEBASTIÃO NASCIMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil já gastou US$ 197 milhões com a importação de produtos lácteos entre janeiro e maio deste ano, contra US$ 164 milhões nos primeiros cinco meses de 96.
O aumento, superior a 20%, segundo números da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), surpreendeu e "assustou" os pecuaristas nacionais.
"Pela nossa projeção, as importações cairiam este ano", afirma Paulo Roberto Bernardes, presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da CNA.
Segundo ele, a produção interna está em crescimento e vem sustentando o aumento no consumo desde 94, após o Plano Real.
"A importação é desnecessária. O produtor brasileiro tem crescido em produtividade, e o mercado está abastecido", afirma.
Bernardes diz que há incerteza no campo. "A época é de entressafra. Existe excesso de leite", diz .
Para Bernardes, a dilatação do prazo de pagamento explica o crescimento das importações. "Quem importa, atravessadores em sua maioria, usa subterfúgios para fugir das restrições e consegue financiamento superior a 365 dias."
Perde o pecuarista, mas ganha o consumidor brasileiro, afirma Francisco Rodrigues Neto, diretor do supermercado São Jorge, rede com cinco lojas na Capital.
"As importações são imprescindíveis para regular o mercado. Elas deram estabilidade ao preço do leite nos últimos anos e acesso do consumidor de baixa renda aos produtos lácteos", afirma o empresário.
No caso do queijo, por exemplo, o mecanismo da importação auxilia a manter as cotações do produto mesmo na entressafra. "Com o mercado fechado, as coisas eram muito mais difíceis", afirma.
O iogurte, hoje largamente consumido no país, também não sofre mais os aumentos de preço da época de pouco leite, diz ele.
O representante da indústria admite, porém, que o produtor perde a competitividade diante do produto que chega de fora.
"Subsídios no país de origem e prazo elástico de pagamento dado ao importador realmente comprometem o fazendeiro nacional."
Novos exportadores
A dilatação no prazo de pagamento aos importadores permitiu ainda que países de economia estável, e que faziam poucos negócios com o Brasil no setor de lácteos aumentassem o volume de exportações em curto espaço de tempo.
Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, faturaram US$ 31,5 milhões somente com a exportação de leite e creme ao Brasil, de janeiro a maio.

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