São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Fazendeiro de Lins liquida todo o rebanho

DA REPORTAGEM LOCAL

Fazendeiro em Lins (453 km a noroeste de São Paulo), João Urbano de Andrade, 42, desistiu de produzir leite.
Há duas semanas, ele colocou à venda todo o seu plantel de vacas e novilhas da raça holandesa e meio sangue girolando, num total de 170 cabeças.
"É impossível dar prosseguimento a uma atividade que permite realizar lucro de R$ 500 em um mês e prejuízo de R$ 1.000 no outro", diz Urbano, que tirava 1.500 litros por dia com 62 vacas em lactação.
Segundo ele, essa situação é resultado dos altos custos de produção e da importação de leite dos países da Comunidade Européia e do Mercosul.
'Não há como competir com um produto que recebe forte subsídio em seu país de origem e que ainda não é taxado quando por aqui desembarca", afirma.
Urbano pertence a uma família tradicional produtora de leite em Lins (453 km a noroeste de São Paulo). Foi seu pai que começou a selecionar gado girolando na década de 30.
"Além de um bom trabalho genético, que permitia que nossas vacas produzissem 19 litros de leite por dia, investimos em tecnologia, comprando ordenhadeira mecânica e balão resfriador", afirma.
Os 1.500 litros produzidos na fazenda de Urbano permitiam um faturamento bruto entre R$ 12 mil e R$ 13 mil mensais.
"A receita impressiona, mas o saldo líquido é desanimador", diz.
Segundo ele, a Cooperativa Linense, onde entregava o leite, cotava o litro a R$ 0,32.
"Descontos diretos com transporte e Funrural, por exemplo, e indiretos, como ração e produtos veterinários, faziam lucro e prejuízo sobre o litro variarem entre R$ 0,03 positivos e R$ 0,03 negativos a cada mês", explica Urbano.
Boate rende mais
Carlos Alberto Vilella, outro fazendeiro de Lins, "ainda" não desistiu de tirar leite B, mas se queixa da atividade. Há um ano ele decidiu comprar uma boate na cidade para engordar sua renda mensal.
Vilella, que produz mais de mil litros por mês, não diz quanto fatura, mas adianta que a boate Baden Baden, com capacidade para acolher 1.500 pessoas, rende mais.

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