São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Barros foi zagueiro e gosta de vaquejada

Ameaça de renúncia faz de interino cover de Jânio

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O governador interino de Alagoas, Manoel Gomes de Barros (PTB), 52, é conservador, temperamental, obcecado por questões municipais e, desde que assumiu, ameaça renunciar se não o ajudarem -uma espécie de Jânio Quadros alagoano.
Alguns dos seus rompantes são bem conhecidos no meio político do Estado. No ano passado, após jantar em um restaurante de Maceió, pediu a nota fiscal e recebeu como resposta a explicação de que, naquele dia, o estabelecimento estava sem nota.
Mano, como é chamado no Estado, levantou-se e fechou o restaurante. "Comigo não tem aperreio nem agonia. Não tem esse negócio de é hoje, é amanhã. O que é pela frente é pela frente, o que é pelo avesso, é pelo avesso", definiu-se ele à Agência Folha.
Em seu primeiro ato como governador, sexta-feira passada, ele reuniu-se com prefeitos do Estado e, durante meia hora de discurso, por três vezes ameaçou deixar o cargo se não tivesse apoio financeiro do governo federal. "E sem dinheiro eu vou aqui ficar fazendo o quê?"
Mano foi prefeito (Arena) de União dos Palmares (1976-81), município onde hoje tem uma fazenda, Jurema, com cerca de 2.000 cabeças de gado.
"Aqui para Alagoas é muito boi, mas para o Mato Grosso não é nada", disse ele.
É também um "médio" plantador de cana do Estado e, no período de 90 a 94, foi presidente da associação da categoria. Ao responder sobre o total dos seus bens, brincou: "Você parece que é da Receita Federal..."
Durante o período em que Fernando Collor foi governador (87 a 90), ele era deputado estadual (PFL) de oposição.
Para um dos seus principais adversários, o deputado estadual João Caldas (PMN), ele é "um clone" de Divaldo Suruagy, o governador licenciado.
Na montagem da chapa para as eleições de 94, Mano aceitou a vaga de vice com base num acordo pelo qual, após dois anos de mandato, Suruagy deixaria o cargo e ele assumiria.
A crise do Estado impossibilitou que o acordo fosse cumprido na data acertada -janeiro último. "Suruagy é meu amigo e irmão. É um homem grande. Mas eu tenho o meu estilo", disse.
Mano é economista formado pela Universidade Federal de Alagoas. Ele mesmo dirige o seu carro e afirma que, como governador interino, não vai mudar.
Em 1963, foi campeão alagoano jogando como zagueiro do CRB, tendo ficado conhecido pela nada hábil maneira como acertava as pernas dos adversários.
Tem uma nova paixão, a vaquejada: um vaqueiro montado em um cavalo corre atrás de um boi e o derruba puxando pelo rabo.

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