São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Exército não alivia tensão nas ruas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A presença de tropas do Exército nas ruas de Recife não foi suficiente ontem para tranquilizar a população. O clima de tensão e medo instalado desde a deflagração da greve dos policiais civis e militares, há uma semana, continuou.
Agências bancárias não abriram suas portas, lojas adotaram esquemas de segurança próprios e rumores de saques provocaram correria no centro da cidade durante todo o dia.
Para patrulhar a região, onde se concentram 12 mil lojas, o Exército deslocou 200 homens armados com pistolas e cassetetes, além de oito cães treinados para ataque.
Usando coletes à prova de balas e uniformes camuflados, os militares atuaram em duplas e priorizaram o policiamento nas principais avenidas e corredores comerciais.
O policiamento nas 17 estações do metrô de superfície e três de integração de ônibus foi mantido e o sistema de transporte, regularizado. Sete presídios, além do palácio do governo, também continuaram sob proteção do Exército.
Segundo o relações-públicas do Exército, coronel Ítalo Forte Azena, ao todo a instituição mobilizou 605 homens em Pernambuco e colocou em estado de prontidão outros 1.800 soldados, para revezamento das tropas.
Azena disse que, se necessário, o Exército tem condições de mobilizar tropas de outros Estados, como ocorreu em Alagoas, hoje com militares do Rio Grande do Norte.
Princípio de tumulto
Até as 18h30, nenhum confronto entre PM e Exército havia sido registrado.
Apenas um princípio de tumulto ocorreu, às 8h30, quando dois furgões das tropas federais romperam o cerco onde se concentravam os grevistas.
Com as sirenes ligadas, os veículos desviaram dos cavaletes colocados nas ruas e se dirigiram em direção aos PMs. Houve correria e os policiais formaram filas para evitar a passagem dos carros. Os furgões, porém, entraram numa rua transversal e desapareceram.
Meia hora depois, os policiais voltaram a se agitar, com a passagem de um helicóptero do Exército. O aparelho sobrevoou o local de concentração dos grevistas.
A manobra se repetiu durante todo o dia, mas o Exército negou qualquer relação com a greve. Segundo o relações-públicas da instituição, a medida tinha por objetivo acompanhar a situação da cidade e a atuação dos militares.
A participação do Exército no policiamento de rua foi criticada pelos grevistas, que consideraram os soldados "despreparados" para atuar na cidade.
A segurança nas ruas do centro foi reforçada por 300 guardas municipais e centenas de seguranças particulares.

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