São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997 |
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Falta de comida leva sem-terra a pronto-socorro
WAGNER OLIVEIRA
Cerca de 40 pessoas passaram mal, apresentando fraqueza, desmaios, câimbras e dores musculares. A sem-terra Maria Silvana Tavares Cavalcanti, 25, um ataque epilético e, no momento, não havia carro do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para transportá-la para um hospital. A falta de organização da marcha foi demonstrada quando o grupo de cerca de 600 sem-terra (a avaliação dos organizadores e da polícia rodoviária) parou por volta das 14h para o almoço no posto Tigrão, no km 53 da Via Castelo Branco, em Araçariguama, recém-emancipada. A comida que estava sendo preparada em uma igreja de Sorocaba não chegou. Segundo o líder da direção estadual do MST, Edvar Lavratti, 22, que coordenava a caminhada, houve problemas na cozinha industrial que estava preparando as refeições. Após uma hora de espera, idosos e mulheres começaram a passar mal. Eles já haviam andado 23 quilômetros sob chuva e frio. Algumas pessoas desmaiaram. Uma perua e um Gol do MST, que auxiliavam os sem-terra na caminhada, começaram a fazer o transporte dos doentes para o pronto-socorro de Araçariguama. Com a demora na chegada da comida, parte do grupo retomou a caminhada e cerca de 70 sem-terra, cansados e famintos, não prosseguiram. O médico e vereador Rodrigo de Almeida criticou a falta de organização do MST. Ele estava recebendo os doentes no pronto-socorro municipal da cidade. Segundo ele, até as 16h cerca de 30 sem-terra já tinham passado pelo hospital. "'Não pára de chegar gente"', disse. Almeida disse que o hospital não estava preparado para receber os sem-terra. "Não fomos avisados e não estávamos preparados para isso. O hospital não tem estrutura para atender tanta gente de uma vez só. Aqui o município é muito pobre." A enfermeira Ângela Maria de Lara afirmou que o material para o tratamento dos sem-terra acabou e ela tentava conseguir mais suprimentos em cidades vizinhas. Os sem-terra que participam da caminhada chegaram em ônibus a Sorocaba, vindos de cidades da região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado. Eles começaram a caminhada às 7h de ontem, no km 78 da rodovia Castelo Branco, no trevo que dá acesso a Sorocaba. Eles iriam dormir na igreja de Araçariguama, onde chegaram por volta das 17h e iriam receber mil refeições preparadas pela paróquia local. Hoje a caminhada prossegue até Itapevi, na Grande São Paulo. Até a chegada em São Paulo, na sexta-feira, os sem-terra vão passar por Jandira e Osasco. Texto Anterior: Chefe da Polícia esvazia assembléia Próximo Texto: Sem-terra quer unir as PMs Índice |
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