São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Bateu no teto

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - No Brasil, a crise dos Estados, refletida na revolta das PMs mais manifestações de rua convocadas por vários sem-alguma-coisa.
No México, derrota do governo nas eleições tanto para o Legislativo como para a prefeitura da capital.
No Peru, protestos contra a escalada autoritária do presidente Alberto Fujimori, cuja popularidade despenca vertiginosamente.
Na Argentina, "fogonazos" nas estradas provinciais mais greve geral convocada por três das quatro centrais sindicais para 8 de agosto.
É a crise final do neoliberalismo? Pouco provável, até por falta de uma alternativa que soe confiável aos olhos da maioria do eleitorado.
O que parece estar ocorrendo é o esgotamento do efeito estabilização, motor da popularidade dos governos latino-americanos responsáveis pela derrubada da inflação.
Esgotamento de resto previsível. A estabilização é ótima e todo mundo gosta, mas é insuficiente, em países de carências tão brutais.
O jogo agora ficou mais complexo. A estabilização já não pode ser tida como um ativo eleitoral que, por si só, garanta o continuísmo.
O público passa a demandar um, dois, três ou muitos passos além dela.
Mas os governos de turno ainda se beneficiam, porque a tarefa das oposições, seja qual for o seu sinal ideológico, é imensa. Primeiro, elas têm que demonstrar que são capazes de manter a estabilidade.
Se conseguirem, passam a ter chances. Mas não basta. Se a disputa se der em torno de quem é mais capaz de assegurar a estabilidade dos preços, os governistas sempre levam vantagem, porque têm algo a mostrar a esse respeito, ao contrário dos oposicionistas.
Para a oposição entrar no jogo com chances reais, precisa provar que, além de manter a inflação sob controle, atacará os problemas sociais que são a causa de fundo do mal-estar que devolveu às ruas uma população até há pouco anestesiada.

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