São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Serjão no ventilador

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O mais assombroso na entrevista do ministro Sérgio Motta à revista "Veja" é que ela é um amontoado de puras verdades.
Nem Leonel Brizola, com sua contumaz virulência, poderia ter sido tão crítico em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso, e com tanta propriedade.
Em resumo, e numa livre tradução, eis o que disse o ministro das Comunicações, que é unha e carne com o presidente da República.
De Pedro Malan - o ministro da Fazenda entra mudo e sai calado das reuniões de política econômica. Logo, não opina, muito menos decide. Não tendo nada a fazer em Brasília, faria bem se aceitasse um cargo honorífico qualquer em Washington.
De Iris Rezende e Eliseu Padilha - foram nomeações deslavadamente fisiológicas e que acabaram se revelando decepcionantes. Eles não têm relevância nas duas áreas e, ao mesmo tempo, não agregaram um só voto do PMDB para o governo no Congresso.
DNER mineiro - "é uma vergonha", disse Serjão, referindo-se à nomeação de um empreiteiro falido, filho do caixa de campanha do prefeito Newton Cardoso, para um órgão responsável por tanta grana.
Reforma da Previdência - é uma enganação, ninguém dá um tostão furado por ela.
Nilo Coelho - a ida dele para o PSDB foi "uma excrescência". Em vez de se filiar ao partido, o ex-governador deveria ser enquadrado no código de ética tucano. Sem prejuízo, claro, dos processos aos quais já responde na Justiça.
Correios - Motta critica os Correios, que já foram uma empresa modelo no país e agora estão nas mãos do PPB. O curioso é que foi ele quem assinou a nomeação no "Diário Oficial", não nós, os mortais usuários.
No frigir dos ovos, o que o ministro mais poderoso acaba de dizer é que há algo de errado num certo reino bem longe da Dinamarca. Não livrou a cara nem do próprio rei.
De duas, uma. Ou Motta se demite ou demite o chefe Fernando Henrique.

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