São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Líderes da Polícia Civil são contra a greve

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Lideranças de policiais civis de São Paulo falam, diferentemente do indicativo de greve decidido anteontem, em continuar a negociação com o governo ou descartar a hipótese de paralisação.
Anteontem, cerca de 800 policiais civis decidiram entrar em greve por melhores salários. A decisão foi tomada em reunião no Palácio dos Bandeirantes, após o fracasso de tentativa de acordo com representantes do governo.
Eles reivindicam reajuste salarial maior que o proposto pelo governo: entre 5,1% e 34% sobre o salário-base.
A confirmação ou não da paralisação será decidida em assembléia da categoria, que reúne cerca de 40 mil policiais, na próxima sexta-feira. A assembléia será às 14h, na Força Sindical (centro de SP).
Hoje, os presidentes dos sindicatos ligados à Polícia Civil se reúnem no Sindicato dos Investigadores de Polícia de São Paulo -filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores)- para decidir sobre o encaminhamento da assembléia.
"Sou favorável à negociação, embora considere que há grande possibilidade de greve", disse o presidente do Sindicato dos Investigadores, Lourival Carneiro.
Segundo ele, não há contradição em o sindicato que representa (filiado à CUT) conduzir a assembléia no prédio da Força Sindical. "O restante das entidades policiais não é necessariamente filiado à mesma central."
"O importante agora é voltar os canhões contra os deputados do PSDB, e exigir que eles participem da negociação. Eles têm de ajudar a brecar a proposta do governo na Assembléia Legislativa", disse o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo, Paulo Roberto Siquetto.
"De qualquer forma, até sexta, não teremos uma posição sobre a greve. O tempo é curto. Nossa assembléia deverá ocorrer na quinta-feira da próxima semana. Temos de consultar os delegados", completou Siquetto.
"A greve, no momento, não seria a melhor saída. Temos de tentar esgotar todos os limites de negociação com o governo", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telemática Policial de São Paulo, Mário Jorge da Silva.
Esses sindicatos, que representam os policiais com formação de 2º grau da Polícia Civil, com exceção do de delegados de polícia, apesar de terem seus líderes acenando pela continuidade da negociação, creditam à assembléia de sexta a palavra final sobre a greve.
No entanto, outros dois representantes de carreiras universitárias na Polícia Civil são francamente contrários à paralisação.
"Não vamos optar pela greve. Seria antipática a nossa adesão, diante da opinião pública. A nossa situação é diferenciada porque lidamos diretamente com a população mais fragilizada, com o sofrimento humano. Como poderíamos abandonar os IMLs do Estado?", justificou o presidente da Associação dos Médicos-Legistas do Estado de São Paulo, Luiz Carlos Jorge.
"Queremos a negociação. Não vejo possibilidade de adesão da categoria que represento", disse a presidente do Sindicato dos Peritos Criminais de São Paulo, Maria Márcia da Silva Kesselring.
O secretário interino da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza, reiterou ontem que o governo "não negociará", embora não tenha descartado uma "reavaliação dos reajustes, mais para frente, caso seja observada alguma distorção" nos aumentos.

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