São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grevistas querem dois anos sem punição

FÁBIO GUIBU; LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os policiais militares de Pernambuco, em greve por melhores salários, reivindicaram ontem ao governo do Estado a garantia de que não serão punidos pelos próximos dois anos por causa da paralisação.
A reivindicação foi incluída na pauta de negociação da categoria um dia antes do fim do prazo previsto pelo Código Penal da PM para acusar os grevistas por crime de deserção.
O código, em seu artigo 187, classifica como desertor o PM que se ausenta do trabalho, sem justificativa, por mais de oito dias. A greve dos PMs foi deflagrada na quarta-feira passada.
Representantes do governo e dos grevistas tentavam ontem chegar a acordo para o fim da paralisação.
Eles se reuniram na Secretaria da Administração do Estado, onde iniciaram as negociações às 20h de anteontem. A reunião foi suspensa às 3h30 de ontem e reiniciada às 13h30.
A Associação dos Cabos e Soldados da PM considerava "inegociável" a elevação do soldo de R$ 74,21 para R$ 130. Acenavam, porém, com a possibilidade de aceitar parcelar o aumento.
O governo considerava "impossível" atender a reivindicação. Alega que o reajuste elevaria a folha de pagamento da corporação de R$ 19,8 milhões para R$ 38 milhões.
Eventual contraproposta do governo, informou a associação, seria votada em assembléia pelos grevistas. Os PMs deveriam permanecer em frente à Assembléia, aguardando o resultado da reunião. Após as 20h de ontem qualquer proposta, mesmo que aceita pela comissão de negociação, só seria votada hoje.
Segundo os grevistas, caso não houvesse acordo, o esquema de segurança mínima implantado ontem e que previa, entre outras coisas, a circulação de dez carros de polícia na região metropolitana -cerca de um quarto da frota normal- seria desmontado.
A assessoria de imprensa da PM informou que 300 homens trabalharam ontem na Grande Recife.
Delegacias
Em greve há seis dias, os policiais civis de Pernambuco ameaçaram ontem fechar as únicas duas delegacias que estão funcionando na região metropolitana de Recife: Boa Viagem (capital) e Olinda.
O presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis), Sérgio Leite, disse ontem que há uma corrente dentro da categoria que defende a radicalização.
"Alguns policiais querem fechar as duas delegacias para pressionar o governo." Leite disse que é contra a proposta.
Os policiais civis reivindicam aumento do salário-base de R$ 74,21 para R$ 130. O governo ainda não apresentou sua contraproposta.
A greve dos policiais civis pode ganhar a adesão dos delegados pernambucanos. Amanhã, eles se reúnem para discutir o encaminhamento de suas reivindicações.
Os 400 delegados do Estado reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Hoje, um delegado especial (mais alto nível na hierarquia da categoria) recebe R$ 1.900 brutos por mês. No início de carreira, o salário atinge R$ 1.300.
"Queremos regularizar nossa situação e não descartamos a possibilidade de greve", disse o presidente da associação dos Delegados de Polícia Civil de Pernambuco, Gileno Siqueira.
(FÁBIO GUIBU e LUIZ FRANCISCO)

Texto Anterior: Tanque de guerra faz patrulha em Recife
Próximo Texto: Exército vai assumir área de segurança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.